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Por pandemia, Miss Venezuela 2020 será gravado e sem público 

Formato está muito distante da época de ouro do evento, uma das principais tradições da indústria do entretenimento na Venezuela, quando atraía milhares de pessoas em um grande show ao vivo

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Por Redação
Atualização:
Elizabeth Gasiba, representante do Distrito Capital, aguarda com máscara para se reunir com juízes do concurso Foto: Ariana Cubillos/AP

CARACAS - Haydalic Urbano, uma cirurgiã de 25 anos, sonhava em fazer aulas de passarela na emblemática Quinta del Miss Venezuela, em Caracas, mas este ano as 22 candidatas do concurso de beleza tiveram de se contentar com aulas virtuais devido à pandemia da covid-19.

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Quando o concurso for transmitido, tudo terá sido, pela primeira vez, previamente gravado e sem público. Conhecidos apenas pelas candidatas e produtores, os nomes das vencedoras ficarão guardados e só serão anunciados na noite de quinta-feira, 24.

O formato está muito distante da época de ouro do evento, uma das principais tradições da indústria do entretenimento na Venezuela, quando atraía milhares de pessoas em um grande show ao vivo.

Apresentadora Yerardy Montoya conversa com a candidata do Estado de Carabobo, Daniela Chmatil Foto: Federico Parra/AFP

“Foi um pouco difícil para mim ver as aulas de passarela em forma virtual, porque sonhava em ir à Quinta (local do concurso) todos os dias, mas nos adaptamos, não me arrependo de ter vivido um concurso numa pandemia”, afirma Urbano.

Depois das medidas sanitárias para conter as infecções, que rondam os 67 mil no país de 30 milhões de habitantes, segundo dados oficiais, a maior parte do evento ocorreu por transmissões "ao vivo" no Instagram, Zoom ou WhatsApp.

"Acho que o mais difícil foram os ensaios do Zoom para a abertura, mas tivemos de nos adaptar e conseguimos fazer um show maravilhoso", disse Luiseth Materán, jornalista de 24 anos.

Não é a primeira vez que a Miss Venezuela sofre um revés. Em suas últimas edições, teve de se ajustar a um estilo mais austero devido à crise que está levando o país a se aproximar do sétimo ano de recessão.

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Nina Sicilia, gerente-geral do Miss Venezuela, diz que formato teve algumas vantagens Foto: Miguel Gutiérrez/EFE

Nesta edição "tudo isso foi modificado pelo confinamento", comenta Nina Sicilia, gerente-geral do concurso e a primeira venezuelana a ser coroada no Miss Internacional, em 1985.

Estilistas com máscaras 

O confinamento só foi interrompido para as gravações destinadas à produção do programa, todas precedidas de sessões de maquiagem e penteados.

Antes dessas gravações, o barulho dos secadores de cabelo não parava no camarim do que há seis décadas é uma fábrica de rainhas. Este ano, os estilistas trabalharam protegidos com máscaras e viseiras de proteção.

Maquiador usa proteção para preparar uma das candidatas Foto: Federico Parra/AFP

Tanto a equipe de logística quanto as candidatas foram submetidos a testes para descartar a possibilidade de ter contraído a covid-19.

Para evitar aglomerações, pequenos grupos foram organizados para entrar no espaço repleto de estojos de maquiagem, cílios postiços, escovas e extensões de cabelo.

O toque final antes de posar para a câmera foi a maquiagem de pernas, braços e tronco com um creme bronzeador, tudo testado entre as candidatas para ver como ficava cada um.

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Um pouco de alegria 

A expectativa é grande para um concurso que já rendeu sete vencedoras do Miss Universo, seis do Miss Mundo e oito do Miss Internacional e lançou a carreira de muitas personalidades do entretenimento local.

“Não vamos fazer um show ao vivo”, diz Sicilia. "Mas a pandemia também trouxe muitos aspectos positivos."

Por exemplo, “gerou uma qualidade superior porque estávamos focados no processo de formação e eliminamos certas variáveis ​​que por vezes nos distraem, como o trânsito, chegar à Quinta (da Miss Venezuela), organizar um grande grupo, aguardar a chegada das candidatas, professores", comenta.

Luiseth Materan, representante do Estado de Miranda, se prepara para o concurso Foto: Ariana Cubillos/AP

Embora a "noite mais bonita" da Venezuela não tenha público pela primeira vez em sua história, Lisandra Chirinos, uma estudante de comunicação social de 24 anos, diz que "gostou" da experiência.

“Eu gostaria de mudar um pouco esse contato físico com o público, com meus colegas, mas me sinto feliz por ter feito parte da história”, diz.

Valentina Sánchez, de 24 anos, graduada em comércio exterior, sente que, com o espetáculo, pelo menos elas conseguem levar "um pouco de alegria" a muitos lares venezuelanos./AFP

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Candidatas com equipe de maquiadores: confinamento só foi interrompido para as gravações destinadas à produção do programa Foto: Miguel Gutiérrez/EFE
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