
24 de novembro de 2011 | 08h57
Mais de 470 voos internacionais para o país podem ser cancelados, enquanto 1 milhão de pessoas teve de ir ao trabalho sem os serviços normalizados de ônibus e trens. Agências do correio, a coleta de lixo e outros serviços também estão bastante prejudicados, segundo autoridades. Um grande protesto está marcado para mais tarde.
Estações de metrô no centro de Lisboa estavam fechadas e os ônibus operavam parcialmente. Os congestionamentos eram maiores que os normais, pois muitas pessoas usavam seus carros para chegar ao trabalho.
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho disse no fim da quarta-feira que, ainda que considerasse a mobilização "positiva", a solução para a crise exigirá mais trabalho. "O que é importante nesse momento para Portugal é encontrar um meio para sair da crise, que será uma consequência de nosso trabalho e prontidão para mudar o que precisamos", afirmou.
Os portugueses protestam contra medidas como cortes nos salários do funcionalismo público, aumento nos impostos e cortes nos serviços de educação e de saúde. As medidas foram elaboradas pela chamada troica - União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) - para reduzir o déficit português.
As medidas duras, porém, pioram a recessão no país além do previsto. Mais cedo nesta semana, o ministro das Finanças revisou de novo para baixo a previsão para a economia no ano que vem, apontando agora que ela deve se contrair 3%, quando alguma semanas atrás a previsão era de contração de 2,8%. O desemprego deve bater em 13,6%.
Pesquisa recente de um dos principais jornais do país afirma que mais da metade dos consultados não confia no governo. Para 63%, o país não alcançará suas metas orçamentárias no ano que vem. O apoio ao governista Partido Social Democrata também caiu, como mostrou uma pesquisa do fim do mês passado.
"A grande questão é se esse descontentamento causará um verdadeiro distúrbio social", afirmou o cientista político António Costa Pinto. "No curto prazo, a resposta é não, mas o país está completamente dependente do que ocorre no exterior. E, no exterior, há uma grande dose de incerteza", notou. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.
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