Para o papa Francisco, a reunião com Viktor Orbán foi uma questão inevitável de protocolo: ele foi a Budapeste celebrar a missa de encerramento de um importante congresso católico e não poderia evitar as lideranças políticas do país. Para Orbán, a reunião foi um número de equilibrismo - dar as boas-vindas a um papa com uma visão diferente da sua para a Europa, e ao mesmo tempo demonstrar respeito de modo a conservar o apoio dos católicos.
O encontro foi cuidadosamente ensaiado e teve elementos constrangedores. Quando Francisco chegou ao museu que seria palco da reunião, as câmeras do Vaticano interromperam a transmissão. Após a reunião, cerca de 40 minutos mais tarde, Orbán compartilhou rapidamente uma foto sua conversando com o papa, e disse ter pedido a Francisco que “não deixe a Hungria cristã morrer”.
Ao longo do seu papado, Francisco descreveu a necessidade de receber imigrantes enquanto imperativo religioso e moral, ocasionalmente pontuando seus apelos com atitudes dramáticas. Em 2016, no auge da crise de imigração na Europa, ele viajou a uma ilha grega e voltou trazendo no avião papal 12 sírios em busca de asilo. Mas a mensagem receptiva de Francisco não tem se mostrado politicamente popular na Europa e, com os anos, a abordagem de Orbán ganha força. A União Europeia já fortaleceu seus laços com outros países (Líbia e Turquia) de maneira controvertida como forma de limitar o número de solicitantes de asilo. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
*É CORRESPONDENTE EM ROMA