Posse de Maduro afasta chance de solução negociada, diz União Europeia

Chefe da diplomacia do bloco econômico acena com possibilidade de novas sanções em caso de ações que 'possam minar ainda mais as instituições e princípios democráticos', mas alerta contra qualquer tipo de intervenção

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Por Jamil Chade , Correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - A União Europeia (UE) alertou que a decisão de Nicolas Maduro de seguir adiante com sua posse nesta quinta-feira, 10, apesar dos protestos internacionais, afasta a possibilidade de um acordo negociado para a crise que assola a Venezuela. Bruxelas rejeita, no entanto, qualquer tipo de intervenção e insiste que apenas um entendimento entre as partes na crise venezuelana irá retirar o país do caos.

Em comunicado, a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, diz que o bloco "lamenta profundamente que seu pedido por novas eleições presidenciais de acordo com padrões democráticos reconhecidos internacionalmente tenha sido ignorado e que o presidente Maduro inicie um novo mandato com base em eleições não democráticas". 

Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assumiu nesta quinta-feira o segundo mandato à frente da Venezuela Foto: EFE/Miguel Gutiérrez

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"Isso apenas afasta ainda mais a possibilidade de uma solução constitucionalmente negociada, enquanto a situação política, econômica e social no país fica cada vez pior e o impacto da crise na estabilidade da região aumenta", alertou Federica.

A italiana lembrou que, em maio de 2018, a UE alertou que a eleição presidencial na Venezuela não havia sido "nem livre e nem justa". "Seu resultado não tem qualquer credibilidade, já que o processo eleitoral não deu as garantias necessárias para uma eleição inclusiva e democrática", insistiu. 

"A UE pede que Maduro reconheça e respeite o papel e independência da Assembleia Nacional, como uma instituição eleita democraticamente, que solte todos os presos políticos, garanta o estado de direito, os direitos humanos e as liberdades fundamentais e que lide de forma urgente com as necessidades da população", apelou a chefe da diplomacia em Bruxelas. 

Em um recado também ao governo americano, a UE rejeitou de forma indireta a ideia de uma intervenção. "A UE continua convencida de que apenas uma solução pacífica democrática e política possa ser o caminho sustentável para que a Venezuela saia da crise", disse. 

Os europeus indicaram ainda que estão engajados com parceiros internacionais e regionais para discutir como podem ajudar a "criar as condições exigidas para um processo político com credibilidade entre os diferentes atores venezuelanos". "Nesse aspecto, a UE reitera sua vontade de manter os canais de comunicação abertos", destacou.

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Apesar disso, o bloco não descarta novas sanções. "A UE continuará a manter um monitoramento atendo aos desenvolvimento e fica pronta para reagir por meio de medidas apropriadas a decisões que possam minar ainda mais as instituições e princípios democráticos, o estado de direito e direitos humanos", alertou.

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