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Possível candidatura de dançarinas causa polêmica na Itália

Lista de candidatos de partido de Berlusconi não foi divulgada; mulher de premiê já disse que listagem é uma 'vergonha'.

Por Valquíria Rey
Atualização:

Veronica Lario, mulher do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou que a possível candidatura de mulheres bonitas na lista do partido do marido, o Povo da Liberdade (PDL), para as eleições europeias é uma vergonha. A lista oficial do PDL ainda não foi divulgada. Mas, de acordo com especulações da imprensa italiana, entre as candidatas estariam a atriz Camilla Vittoria Ferranti, a cantora Cristina Ravot e a modelo Barbara Matera. Veronica afirmou que "tudo isso é para a diversão do imperador", em referência a seu marido. De acordo com ela, se trata de criar "lixo sem pudor em nome do poder". Veronica afirmou que a inclusão de mulheres do mundo do espetáculo - entre elas a participante de um concurso televisivo para eleger uma dançarina de programa de televisão - é "uma vergonha e uma falta de discrição do poder que ofende a credibilidade de todas as mulheres". Essa não é a primeira vez que Veronica expõe contradições com o marido em público. Em janeiro de 2007, ao publicar uma carta no jornal La Repubblica, ela deu um puxão de orelha em Berlusconi por conta de sua desenvoltura nas sua relação pública com belas mulheres. Na ocasião, ela pediu que Berlusconi se desculpasse publicamente por ter falado a algumas jovens durante uma premiação da televisão italiana que casaria com elas imediatamente se não fosse casado. 'Vítimas' Dessa vez Veronica decidiu escrever um email - em resposta a algumas perguntas feitas pela agência de notícias italiana Ansa sobre o debate aberto a partir de um artigo da Fundação Farefuturo - sobre as possíveis candidadas do PDL. Em suas declarações, disse querer esclarecer que ela e os filhos são "vítimas e não cúmplices" de uma situação que se veem obrigados a "sofrer". Veronica também comentou com ironia uma notícia publicada no La Repubblicade que Berlusconi teria ido a uma discoteca em Nápoles no último domingo festejar o aniversário de 18 anos de uma jovem chamada Noemi Letizia. De acordo com os jornais italianos a garota que deixou a mulher do primeiro-ministro com mais raiva ainda é alta, loira, tem o rosto de uma menina e teria ganhado um diamante de presente de Berlusconi. "O que mais me surpreendeu é que ele nunca esteve a nenhuma das celebrações de 18 anos de seus filhos apesar de ter sido convidado", assinalou Veronica. Em suas declarações, a esposa do premiê italiano elogiou o papel das mulheres no mundo empresarial e político, e citou como exemplos de ontem e hoje a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e a atual chanceler alemã, Angela Merkel. No entanto, afirmou que a beleza das mulheres "não é um mérito ou um demérito" no campo da política. Nesta quarta-feira Berlusconi respondeu ao ataque da mulher e disse que Veronica é vítima de uma manobra da esquerda, que se transformará em bumerangue quando a lista vier a tona. "Parece que a situação é muito clara. É uma manobra montada pela imprensa de esquerda e da oposição sobre a nossa lista com notícias absolutamente infundadas." Sobre a seleção das mulheres candidatas, Berlusconi disse querer renovar a política com pessoas que sejam cultas, preparadas e que não sejam malvestidas como certos personagens de alguns partidos que circulam nas sessões parlamentares. E antes mesmo de saber do ataque da mulher, Berlusconi afirmou que as candidaturas das modelos, atrizes e dançarinas na lista do PDL foram inventadas."É verdadeiramente absurdo que uma pessoa tenha um ou dois diplomas e conheça dois ou três idiomas e só porque esteve na TV, tenha trabalhado com comunicação ou no mundo do espetáculo, deva ser considerada excluída da política", assinalou o primeiro-ministro. "Fala-se sempre que são necessários 50% de mulheres. Depois quando se busca candidatas, que não sou eu quem escolho, pelo simples motivo de terem um aspecto agradável, se polemiza. É uma desilusão total".No entanto, Berlusconi esclareceu que todas as candidatas escolhidas têm militância ativa na política.Já o coordenador do PDL, Ignazio La Russa, assegurou que as candidatas foram escolhidas por seus currículos e não por fotografias. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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