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Potências decidem levar questão nuclear iraniana à ONU

Após uma reunião em Londres, diplomatas dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha optaram por levar a discussão para o Conselho de Segurança

Por Agencia Estado
Atualização:

As seis potências mundiais envolvidas nas negociações acerca da questão nuclear iraniana admitiram, nesta sexta-feira, discutir a aplicação de sanções contra o Irã. Os cinco membros do Conselho de Segurança (CS) da ONU - Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China -, mais a Alemanha, também disseram estarem "profundamente desapontados" pela recusa de Teerã em suspender seu programa de enriquecimento de urânio. As mais de duas horas de conversas entre diplomatas dos seis países nesta sexta-feira em Londres não resultaram em um acordo sobre medidas concretas, mas já há o consentimento em estender as negociações, por telefone, durante a semana que vem. Encarregada de ler uma declaração conjunta das seis potências, a secretária de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Margaret Beckett, não especificou se as conversas sobre as sanções ocorreriam no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Ainda assim, segundo a chancelaria russa, as discussões ocorrerão nesta instância. Segundo o ministro de Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, as potências começarão a produzir um rascunho de resolução para ser discutido pelo CS. "O Irã tinha duas opções quando a ONU pediu a suspensão do enriquecimento de urânio", disse Backett após o encontro dos diplomatas dos seis países com o chefe de política externa da União Européia, Javier Solana. Ela se referia a um acordo, firmado em junho entre as seis potências, que ofereceu um pacote de incentivos ao Irã em troca da suspensão do enriquecimento de urânio. Segundo a proposta, Teerã teria até o dia 31 de agosto para aceitar a oferta. Caso contrário, o caminho para a imposição de sanções contra a República Islâmica estaria aberto. Solana esteve em contatos diretos com os negociadores de Teerã nos últimos dias, em uma última tentativa para resolver a questão pela via diplomática. Nesta semana, no entanto, ele admitiu que as duas partes não conseguiram chegar a uma posição comum. "Nós lamentamos que o Irã não tenha ainda optado pelo caminho positivo", disse Backett, lendo uma declaração assinada pelos seis países. Sanções Em entrevista à Associated Press, Beckett destacou que a comunidade internacional vinha unida na esperança de negociar com o Irã, com a condição de que o país suspendesse o enriquecimento de urânio - um processo chave para o desenvolvimento de armas nucleares, mas que Teerã garante que só será usado para a produção de energia. "Nenhum de nós quer as sanções, mas no momento atual, o Irã não está respondendo à mais generosa oferta jamais feita pela comunidade internacional", disse ela, que destacou que o pacote de incentivos continuará sobre a mesa caso o Irã mude de posição. Segundo ela, os países "irão agora consultar as medidas sob o artigo 41 do capítulo 7 da Carta da ONU". O artigo 41 autoriza o Conselho de Segurança a impor sanções não militares, como o corte de ligações diplomáticas, econômicas, de transportes e comunicações. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha lideram as pressões pela adoção de sanções contra Teerã. Ainda assim, para evitar os vetos da Rússia e da China - países com fortes laços comerciais com o Irã -, qualquer medida terá que ser relativamente suave. As sanções podem incluir embargos nas transferências de tecnologias militar e nuclear, e o banimento de vistos de viagem para diplomatas iranianos. Divisões Apesar da declaração em comum lida por Beckett, o encontro deixou claro que ainda há grandes divisões entre os países que formam o Conselho. A Rússia, de um lado, pronunciou-se relutante em relação a adoção de sanções. Já a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, sugeriu que "a hora (para levar o Irã ao Conselho de Segurança) está cada vez mais próxima". "Está em questão a credibilidade do Conselho de Segurança e do sistema internacional, e simplesmente não é possível que continuemos conversando sem chegarmos a um desfecho", disse ela. Ainda que tenha dito na quinta-feira que a adoção de sanções seriam uma medida "extrema", o ministro do Exterior russo, Sergey Lavrov, deu sinais de que Moscou poderia aceitar algum tipo de ação. "Nós não descartaremos medidas adicionais", disse ele, segundo a agência russa Interfax. A ressalva russa veio, no entanto, nas palavras de um subordinado de Lavrov. O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Alexander Alexeyev, disse que para a Rússia e a China o uso da força contra o Irã é "absolutamente inaceitável" . "Falar com o Irã na linguagem dos ultimatos é contraproducente", afirmou Alexeyev, que também participou do encontro.

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