PUBLICIDADE

Potências negociam mudanças em texto com sanções ao Irã

Indonésia propõe Oriente Médio desarmado; EUA resistem defendendo Israel

Por Agencia Estado
Atualização:

As grandes potências preparam nesta quinta-feira, 22, emendas para conseguir os votos de África do Sul, Indonésia e Catar a favor de novas sanções contra o programa nuclear iraniano. A votação pode ficar para a semana que vem, já que eventuais mudanças têm de ser submetidas aos governos dos 15 países do Conselho, embora o vice-embaixador norte-americano na ONU, Alexander Wolff, tenha considerado ser "ainda possível" uma votação na sexta-feira. A Indonésia propôs a inclusão de um apelo por "uma zona livre de armas de destruição em massa no Oriente Médio", frase que enfrenta resistência dos Estados Unidos, possivelmente por representar uma alusão a Israel. "Não achamos que seja relevante para esta resolução", disse Wolff a jornalistas. Por outro lado, ele afirmou que a resolução pode incluir trechos sobre a importância de negociar com o Irã e sobre um pacote de incentivos oferecido no ano passado por países europeus caso Teerã suspenda seu programa de enriquecimento de urânio. Segundo Wolff, porém, eventuais mudanças têm de ser "consistentes com o marco" da resolução, redigida pela Alemanha e pelos cinco membros permanentes do Conselho - EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia e China. As emendas sul-africanas são mais problemáticas, pois incluem a retirada dos principais itens da resolução, como o embargo parcial de armas e as restrições financeiras a indivíduos e empresas do Irã. O governo sul-africano também defende uma suspensão de 90 dias nas sanções, inclusive nas já em vigor, o que o embaixador britânico na ONU, Emyr Jones Parry, considerou "totalmente perverso", pois qualquer pausa permite a Teerã "desenvolver e melhorar" seu suposto programa de armas nucleares - que a República Islâmica nega existir. A principal objeção da África do Sul é que o novo texto impõe sanções além da esfera nuclear. Negociadores dizem que, sendo mais fácil acomodar as sugestões da Indonésia e do Catar, a África do Sul tende a ficar isolada, embora haja interesse das grandes potências em obter uma votação unânime, que daria mais peso políticos às sanções. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pretende discursar ao Conselho no dia da votação, para defender o suposto caráter pacífico do programa nuclear. O ex-embaixador norte-americano na ONU John Bolton disse nesta semana em Nova York que "será muito importante ouvir Ahmadinejad, especialmente para os que acham que o Irã pode ser convencido diplomaticamente a deixar sua busca por armas nucleares". Restrição russa Paralelamente, autoridades norte-americanas e européias disseram que a Rússia recentemente informou a Teerã que não irá entregar combustível para uma usina nuclear de US$ 1 bilhão até que os iranianos suspendam o enriquecimento de urânio. O chanceler russo, Sergei Lavrov, desmentiu a informação, atribuindo o atraso no combustível nuclear a disputas financeiras. Mas, em Washington, o subsecretário de Estado Nicholas Burns disse na quarta-feira a uma comissão parlamentar que o atraso no combustível mostra que a Rússia não vai mais manter suas relações normais com o Irã, por também temer que o país esteja desenvolvendo armas atômicas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.