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Potências pressionam Irã por negociação 'séria' sobre programa nuclear

EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China querem 'resultados concretos' de nova rodada de diálogo.

Por BBC Brasil
Atualização:

Seis potências mundiais reforçaram nesta quinta-feira o pedido para que o Irã retome negociações "sérias" e sem "pré-condições" sobre seu programa nuclear, um dia após a União Europeia (UE) ter divulgado o lançamento da nova rodada de conversações. Reunidos em Viena, os integrantes do grupo conhecido como P5+1 (Grã-Bretanha, Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia e China) emitiram um comunicado pressionando Teerã para dar início a um diálogo que produza "resultados concretos". Para o especialista em assuntos diplomáticos e de defesa da BBC, Jonathan Marcus, este pode ser o último esforço diplomático para resolver a crise em torno do programa nuclear iraniano. Se ele falhar, segundo Marcus, uma ação militar se tornará muito mais provável. O texto do P5+1 diz ainda que as negociações devem dar atenção às "continuadas preocupações da comunidade internacional e que devem incluir ainda sérias discussões sobre medidas concretas para restaurar a confiança" no programa nuclear da República Islâmica. O grupo também mostrou-se preocupado com as últimas visitas de inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU), que não resolveram questões importantes como a situação no complexo de desenvolvimento nuclear de Parchin. Membros da agência estiveram no local pela última vez em 2005, e tiveram acesso negado no mês passado. Na última segunda-feira, o país disse que está preparado, sob certas condições, para permitir a entrada de inspetores a essas instalações consideradas estratégicas ao programa iraniano. O complexo, localizado 30 km ao sudeste de Teerã, é destinado à pesquisa, desenvolvimento e produção de munição, foguetes e explosivos. 'Diálogo construtivo' Na quarta-feira, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton - que havia escrito para o negociador iraniano, Saeed Jalili, em outubro passado, com uma oferta de novos diálogos - disse que Bruxelas espera que o Irã entre em "um processo sustentado de diálogo construtivo que traga progresso verdadeiro para acabar com as antigas preocupações da comunidade internacional sobre seu programa nuclear". Segundo a chefe da diplomacia europeia, o "objetivo geral continua sendo uma solução abrangente, negociada e de longo prazo, que restaure a confiança internacional na natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear iraniano". Em sua correspondência, Jalili disse que o Irã estava pronto para o diálogo em torno de vários temas. Ele disse que dá boas-vindas à afirmação das seis potências de que respeitaria o direito do Irã de usar a energia nuclear pacificamente. Já o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse na segunda-feira, em Washington, que o "tempo estava correndo" para dar um fim ao programa atômico iraniano, alertando que Israel não "viveria à sombra da aniquilação". O presidente americano, Barack Obama, também afirmou que todas as opções estão na mesa, mas disse que ainda há tempo para uma saída diplomática. Por sua vez, o secretário de Defesa americano, Leon Panetta, disse que a ação militar é a última alternativa sempre, mas ressaltou que seu país "vai agir se for obrigado a tanto". Acesso a Parchin Os inspetores da AIEA pretendiam visitar as instalações em fevereiro, para esclarecer as "possíveis dimensões militares" do programa atômico iraniano, mas tiveram negada sua entrada. Os diálogos entre a UE e o Irã já foram retomados e cancelados em várias ocasiões. A última rodada de conversações acabou fracassando, em janeiro de 2011. De acordo com Jonathan Marcus, a disposição do Irã em permitir o acesso dos inspetores a Parchin será um teste crucial nesta nova abertura diplomática do país persa. O correspondente da BBC afirma que uma enorme câmara de testes de explosivos está no topo da lista das instalações que a AIEA pretende inspecionar em Parchin. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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