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Powell chega a Israel para missão quase impossível

Por Agencia Estado
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O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, chegou na noite desta quinta-feira a Tel Aviv para tentar pôr fim a 19 meses do sangrento conflito entre israelenses e palestinos. Ele se reúne nesta sexta com o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, e, sábado, com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat - confinado pelo Exército de Israel desde o dia 29 em seu quartel-general de Ramallah. O envio de Powell ao Oriente Médio foi determinado pelo presidente norte-americano, George W. Bush, na semana passada, depois de um discurso no qual exigiu a "imediata" retirada israelense das cidades palestinas e ações mais enérgicas da AP para conter os atentados suicidas contra Israel. Giro O secretário de Estado, no entanto, só chegou hoje ao território israelense - depois de passar por Marrocos, Egito, Espanha e Jordânia -, aparentemente na tentativa de aproximar as posições da Casa Branca e de Sharon. As principais diferenças entre norte-americanos e israelenses estão na velocidade da retirada de Israel das áreas palestinas e na condição de Arafat liderar novas negociações de paz. Sharon considera o palestino um "chefe terrorista" e "inimigo de Israel", enquanto Washington reitera que Arafat é o líder legítimo de seu povo. Quer mais Em Amã, última escala de Powell antes de chegar a Tel-Aviv, o secretário afirmou que Bush considerou como "algum progresso" a retirada israelense de 24 aldeias palestinas, "mas quer ver mais". Sharon insiste que as operações de ocupação não pararão enquanto "toda a infra-estrutura terrorista palestina" não tiver sido destruída. Missão possível A Casa Branca tem insistido também para que Arafat se pronuncie em condenação aos atentados de grupos palestinos contra Israel. Powell afirmou que não considera a sua uma "missão impossível", embora reconheça a dificuldade da tarefa de reativar as esperanças de paz na região. "Minha missão continua e não estou preocupado com a dificuldade", declarou o secretário. "Vou porque é necessário que eu vá." Na quarta-feira, depois de reunir-se em Madri com o primeiro-ministro espanhol e presidente de turno da União Européia, José María Aznar; com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov, Powell lançou dúvidas sobre a eficácia da ofensiva israelense, declarando que "não há solução militar para o conflito entre palestinos e israelenses". Fronteiras Um comunicado conjunto emitido pelos quatro líderes pediu às duas partes a "iniciarem um processo político que culmine com o estabelecimento de dois Estados, um judeu e outro palestino, com fronteiras mutuamente e internacionalmente reconhecidas". Depois de exortar publicamente os EUA a "pararem com a pressão para que Israel se retire das cidades da Cisjordânia", Sharon qualificou de "um trágico erro" a decisão de Powell de reunir-se com Arafat, mas esclareceu que não se oporá ao encontro. Além de Sharon, Powell deve conversar também com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, e com o presidente israelense - cuja função é apenas protocolar -, Moshe Katsav. Héroi do mundo Enquanto Powell ainda realizava a visita de poucas horas à Jordânia, o rei jordaniano, Abdullah II, dava entrevista à rede de TV americana CNN na qual qualificava Arafat de "o herói de todos os tempos do Oriente Médio". "Trata-se de um herói do mundo árabe, o líder legítimo dos palestinos e está numa situação muito boa para avançar na direção da paz", disse Abdullah. O ministro de Cooperação Internacional da AP, Nabil Shaat, revelou hoje que o enviado especial da Casa Branca para o Oriente Médio, general Anthony Zinni, apresentou a Arafat uma proposta para acabar com a atual ocupação israelense em troca da permissão para que Israel volte a entrar nas cidades palestinas no futuro, sempre que se sentir ameaçado pela atuação de grupos extremistas. A proposta foi rejeitada pelo líder palestino. O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou que apesar de Isrsael estar retirando algumas tropas, nenhum dos lados atendeu as condições de Bush para o fim das hostilidades. "O presidente pede a todas as partes para continuarem trabalhando para cumpri-las", disse Fleischer.

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