PUBLICIDADE

Prazo para negociações de paz em Darfur terá mais 48 horas

Os grupos pedem que comunidade internacional intervenha e pressione o governo para a assinatura de um acordo de paz definitivo

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do Sudão e os dois grupos rebeldes de Darfur decidiram prorrogar em mais 48 horas as negociações de paz na região, depois que os mediadores aceitaram adiar o encerramento das conversas. O anúncio do aumento do prazo para as negociações, que já tinha sido prorrogado no domingo, foi feito pelo chefe da equipe mediadora da União Africana (UA), Salim Ahmed Salim. Salim justificou a medida como uma tentativa de salvar as conversas de paz que já duram dois anos, pois, sem a definição de um acordo, "continuarão os assassinatos e o sofrimento". Para os mediadores da UA, se os rebeldes não aceitarem assinar o documento para encerrar a guerra na região de Darfur, o novo prazo terá inevitavelmente uma nova ampliação. Mas o Sudão parece pronto para fazer concessões aos rebeldes nas conversas de paz de Darfur, um porta-voz do governo, Abdulrahman Zuma, disse nesta quarta-feira. Zuma diz que seu governo está considerando aumentar o número de rebeldes que serão integrados aos seus órgãos de segurança e apressar o desarmamento dos Janjaweed - milícias muçulmanas apoiadas pelo governo sudanês. O subsecretário de Estado americano, Robert Zoellick, e a ministra para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, Hilary Benn, enviados para acompanhar as negociações, se reuniram com o presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, e com líderes do governo de Cartum e dos grupos rebeldes. O representante do Movimento Sudanês de Libertação (SLM, em inglês), Minni Minnawi, o maior dos grupos rebeldes de Darfur, disse na sede das conversas em Abuja, capital da Nigéria, que considerava as conversas de paz "fracassadas". A guerra de Darfur começou em fevereiro de 2003, quando os grupos rebeldes desta região no oeste do Sudão pegaram em armas para protestar contra a pobreza e a marginalização da área, que faz fronteira com o Chade. Desde então, cerca de 200 mil pessoas morreram e outros dois milhões foram forçados a abandonar suas casas e se abrigarem em campos de refugiados no Sudão e em Chade, o que provocou o pior desastre humanitário deste século. Segundo um comunicado emitido pelas facções rebeldes Justiça Sudanesa, Movimento de Justiça e Igualdade e o SLM, a proposta de paz, que consideram "injusta", "não satisfaz aos interesses vitais de seu povo, nem está de acordo os princípios básicos que guiam sua luta". Para as facções, o documento só favorece os interesses do governo, que o recebe bem porque lhe oferece um controle total. Segundo o comunicado, o projeto "não possui a base fundamental de distribuição de poder, de riqueza e de recursos, e uma agenda de acordos de segurança". Os rebeldes só aceitarão a carta através do desarmamento e desmantelamento da maquinaria militar das milícias de Janjaweed, membros das tribos árabes que o governo enviou a Darfur para sufocar a rebelião. Desta forma, as negociações continuam interrompidas em vários pontos, incluindo o pedido dos grupos rebeldes para que seja designado um vice-presidente do Sudão que represente Darfur, o que tem a recusa do governo de Cartum. Os rebeldes também pediram a presença de seus representantes nos órgãos do Executivo e Legislativo, baseados no argumento de que a maior parte da população sudanesa vive em Darfur. Portanto, os grupos exigem que a UA volte a escrever um acordo justo, que atenda às suas demandas, e pedem que comunidade internacional intervenha e pressione o governo para a assinatura de um acordo de paz definitivo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.