24 de agosto de 2010 | 19h24
O comandante dos fuzileiros navais dos Estados Unidos no Afeganistão disse que o fato de o governo americano ter estabelecido um prazo para a retirada de seus soldados do país asiático, em julho de 2011, é um incentivo para os insurgentes do Taleban.
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"Interceptamos comunicações (do Taleban) que diziam 'ei, nós temos que segurar apenas por algum tempo'", disse o general James Conway.
Conway afirmou acreditar os fuzileiros continuarão a operar no sul do Afeganistão, a área mais violenta do país, mesmo após a data estabelecida para a retirada americana.
"Embora eu acredite que algumas unidades americanas no Afeganistão vão passar o controle da segurança para tropas afegãs em 2011, não creio que serão os fuzileiros", disse Conway.
"As adjacências de Helmand e Candahar (províncias do sul afegão) são o berço do Taleban. Acredito realmente que demorará alguns anos antes que este tipo de transferência seja possível."
Permanência
O general afirmou também que a eventual permanência dos soldados americanos na área, mesmo com o anúncio do governo, pode ser um duro golpe na insurgência.
"Se os insurgentes acreditarem que nós vamos embora no meio do próximo ano e, durante o segundo semestre, continuarmos a bombardeá-los como temos feito, o que dirá o inimigo?", pergunta.
"O que eles (os insurgentes) dirão a seus homens, que vão manter suas lideranças fora do país porque é muito perigoso lá?"
Conway disse reconhecer que "nosso país está cada vez mais cansado da guerra, mas lembro que a última parte dos 30 mil soldados chegou apenas este mês", disse ele.
O general se referiu ao reforço nas tropas no Afeganistão, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 2009.
Nesta semana, o general americano David Petraeus, comandante da força militar internacional liderada pela Otan no Afeganistão, disse que, se achar que a data para a retirada das tropas americanas do país é muito arriscada, avisará Obama.
Petraeus disse considerar a data o início da transferência de poder para forças afegãs.
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