PUBLICIDADE

Prédio de 12 andares desaba parcialmente em Miami e deixa ao menos um morto

Autoridades alertam que número pode aumentar durante as buscas e ; dezenas de pessoas ainda não foram localizadas pela polícia

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

MIAMI - Parte de um prédio de 12 andares com vista para o mar desabou na madrugada desta quinta-feira, 24, em Surfside, no Condado de Miami-Dade, Estado americano da Flórida, matando uma pessoa, segundo dados oficiais. Citando uma fonte da prefeitura, o canal americano ABC chegou a dizer que três pessoas tinham morrido, mas esse número não foi confirmado oficialmente. Equipes de resgate trabalham desde a madrugada tentando localizar possíveis sobreviventes e vítimas que estão presas sob os escombros. 

PUBLICIDADE

O número de pessoas não localizadas no Champlain Towers South subiu para 99 durante a tarde, afirmaram autoridades do condado de Miami-Dade a ABC News. Mais cedo, em entrevista ao The New York Times, a comissária do condado, Sally Heyman, afirmou que as pessoas contabilizadas como não localizadas pela polícia não estão sendo consideradas necessariamente desaparecidas. Segundo Heyman, nem todos os proprietários ocupam seus apartamentos o ano todo.

As autoridades localizaram ou resgataram 102 pessoas que viviam no prédio, 37 foram retiradas dos escombros, sendo que 11 ficaram feridas até a noite desta quinta-feira. Entre os que não foram localizados, há cidadãos de ao menos cinco países da América Latina: Colômbia, Uruguai, Venezuela, Argentina e Paraguai.  Não há informações sobre vítimas ou desaparecidos brasileiros.

Fotos mostram Champlain Towersantes e depois do desmoronamento. Foto: Google Street View/Reprodução; Amy Beth Bennett /South Florida Sun-Sentinel via AP

O governador da Flórida, Ron DeSantis, emitiu uma ordem executiva nesta quinta-feira à noite declarando estado de emergência para fornecer assistência às famílias afetadas pelo colapso em Surfside. A declaração permitirá que todos os recursos necessários sejam desviados para a área, incluindo policiais e outras equipes de emergência, afirma a ordem.

O desabamento ocorreu por volta da 1h30 (hora local, 2h30 em Brasília), na parte do prédio voltada para o mar. Mais de 80 equipes do Corpo de Bombeiros, incluindo equipes especializadas neste tipo de resgate, trabalham no local desde a madrugada em busca de sobreviventes, apesar de autoridades anteciparem que o número de mortos deve subir. Também há um temor de que a parte do edifício que permaneceu em pé desmorone durante as buscas.

"O prédio está literalmente destruído", disse o prefeito de Surfside, Charles Burkett. "Isso é de partir o coração porque não significa, para mim, que teremos tanto sucesso quanto gostaríamos em encontrar sobreviventes."

Um vídeo compartilhado nas redes sociais pelo apresentador americano Andy Slater mostra o momento do desmoronamento.  A parte central do edifício cai primeiro, com uma outra parte, mais próxima do mar, balançando e caindo segundos depois, levantando uma enorme nuvem de poeira e escombros que encobriu a vizinhança. 

Publicidade

O condomínio, que fica na Collins Avenue, no canto sudeste de Surfside, foi construído em 1981 e tem mais de 130 apartamentos. Algumas unidades de dois quartos são negociadas atualmente no mercado com preços entre US$ 600 mil e US$ 700 mil, segundo a polícia local (entre R$ 3 milhões e R$ 3,5 milhões na cotação atual).

A prefeita do Condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, disse que recebeu um telefonema do presidente Joe Biden, que ofereceu ajuda federal. Hotéis foram abertos para alguns dos residentes deslocados, disse ela, e entregas de alimentos, remédios e muito mais estavam sendo organizadas às pressas.

Na noite de quinta-feira (madrugada de sexta em Brasília), Biden decretou estado de emergência na Flórida e ordenou assistência federal para complementar as equipes estaduais de resgate. "A ação do presidente autoriza o Departamento de Segurança Interna da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) a coordenar todos os esforços de socorro ao desastre", disse a Casa Branca.

Ao Miami Herald, a Comissária de Surfside, Eliana Salzhauer, disse que cães farejadores estão sendo usados na busca por sobreviventes. "Mas ninguém está comemorando o fato de ninguém estar sendo retirado", disse.

"Estamos em cena, então ainda está muito ativo", disse a sargento Marian Cruz, do departamento de polícia de Surfside, à agência de notícias Associated Press. "O que posso dizer é que o prédio tem doze andares. Toda a parte de trás do edifício desabou."

Equipe de resgate usa cães farejadores para buscar sobreviventes nos escombros do prédio. Foto: David Santiago/Miami Herald via AP

A causa do desmoronamento ainda não está clara para as autoridades. Salzhauer disse, também ao Miami Herald, que o condomínio estava passando por um processo de recertificação pelos 40 anos de sua construção, e serviços no topo do prédio estavam sendo feitos, mas ainda é incerto que este serviço tenha causado o desastre. Em entrevista coletiva, Burkett destacou que o mesmo serviço está sendo realizado em outros prédios, e disse não ter certeza sobre a relação com o desabamento.

Sobreviventes da tragédia ouvidos pela imprensa americana descreveram o desmoronamento como um terremoto e compararam o barulho ao som de um trovão "que nunca parou". Moradora de um apartamento no Champlain Towers South, Raysa Rodriguez, de 59 anos, estava dormindo quando o prédio começou a tremer "como se tivesse ocorrido um terremoto", disse ao The New York Times. Na varanda, ela disse ter visto uma nuvem de fumaça branca, e correu para a porta da frente.

Publicidade

Desabamento do prédio foi comparado a terremoto por moradores do condomínio que foram resgatados pelos bombeiros. Foto: Miami-Dade Fire Rescue/Handout via REUTERS

"Quando abri a porta, pensei: não existe mais um prédio", disse Raysa, que mora no apartamento 907, no lado oeste do prédio, que permaneceu intacto. Algumas portas ao lado, da unidade 904 em diante, no lado norte do prédio, tudo foi ao chão.

Outro morador, Barry Cohen, um advogado de 63 anos, disse que ele e sua mulher estavam dormindo quando ouviu algo que soou como um trovão. "Mas nunca parou - durou quase um minuto", disse. Eles saíram para a varanda de seu apartamento no terceiro andar e viram entulho e nuvens de fumaça. Quando tentaram sair pela varanda, a escada foi bloqueada por escombros.

Autoridades temem que novo desabamento ocorra e danifique aparte da estrutura que permaneceu de pé. Foto: REUTERS/Octavio Jones

"Tudo foi simplesmente dizimado", disse Cohen, que já foi vice-prefeito de Surfside. "Parecia que tinha sido atingido por um míssil." Eles desceram para a garagem, mas foram novamente impedidos de sair. Os canos tinham rompido e havia tanta água que subia até as canelas. Eles correram de volta para seu apartamento e gritaram para a equipe de resgate: "Tirem-nos daqui!" ele disse. Ele e a mulher foram resgatados por bombeiros que usaram uma escada para alcançá-los, também segundo o relato do Times.

Equipe de resgate busca por sobreviventes do desabamento de prédio residencial de 12 andares em Surfside, Miami. Foto: EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH

Uma inspetora de seguros ouvida pela publicação de Miami, que visitou o condomínio Champlain Towers em fevereiro deste ano, afirmou que apesar da idade, a estrutura do prédio é de concreto armado, e não deveria ter desabado como desabou. "Como alguém que está neste negócio há anos, isso desafia a lógica" disse, pedindo para não ter o nome citado. Outra pessoa ouvida pelo jornal afirmou que problemas de infiltração e vazamentos eram recorrentes nos apartamentos. 

Várias unidades da parte do prédio que permaneceu em pé ficaram expostos após o desabamento. Imagens de televisão mostraram beliches, mesas e cadeiras ainda deixadas dentro dos apartamentos danificados. Aparelhos de ar-condicionado estavam pendurados em algumas partes do prédio, onde fios agora pendiam.

Fotos e vídeos da cena mostram que o colapso afetou metade da torre. Pilhas de entulho cercavam a área externa. A polícia bloqueou as estradas próximas e dezenas de veículos de bombeiros e resgate, ambulâncias e carros da polícia invadiram a área./ AP e NYT

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.