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Prejuízos palestinos já somam US$ 1,4 bi

Países muçulmanos darão ajuda a Gaza; crise humana se agrava

Por AP E REUTERS
Atualização:

Ao todo, os prejuízos provocados pelas três semanas de ataques israelenses contra o Hamas na Faixa de Gaza já somam US$ 1,4 bilhão, entre prédios, estradas, redes elétricas, de água e esgoto arrasados. A cifra foi apresentada por pesquisadores palestinos, que estimam ser necessário mais de cinco anos para reconstruir a infraestrutura de Gaza. Segundo Israel, desde o dia 27, os bombardeios aéreos atingiram cerca de 2,5 mil alvos ligados ao Hamas, incluindo 250 túneis usados para contrabandear armas do Egito para Gaza e inúmeros depósitos de armamentos. Líderes muçulmanos reunidos no Catar aprovaram uma resolução que prevê a criação de um fundo de US$ 2 bilhões destinados à reconstrução de Gaza. Os signatários ainda comprometeram-se com o apoio à Autoridade Palestina e com o auxílio aos esforços do Egito para mediar o conflito. Na reunião, o país sede e a Mauritânia anunciaram o congelamento de relações com Israel, enquanto a Síria, aliada do Hamas, afirmou que as negociações indiretas sobre as Colinas do Golan com os israelenses foram totalmente abandonadas. Formulada em 2002, em Doha, a chamada "iniciativa árabe", que propunha o reconhecimento de Israel em troca da retirada dos territórios ocupados em 1967 e do retorno de refugiados palestinos, também foi oficialmente descartada. "Apesar de toda a destruição em Gaza, eu os asseguro: nós não aceitaremos as condições de Israel para um cessar-fogo", afirmou o líder do Hamas na Síria, Khaled Meshal, durante o encontro no país árabe. Boicotado por Egito e Arábia Saudita, o encontro no Catar teve a concorrência de uma cúpula de chanceleres de países muçulmanos no Kuwait. Representantes dos principais doadores europeus aos palestinos - França, Noruega e a própria União Europeia (UE) - devem encontrar-se em Paris na quinta-feira para discutir um pacote de auxílio à reconstrução de Gaza. Em 2007, uma reunião semelhante angariou US$ 7,7 bilhões, que seriam entregues até 2010. A doação, entretanto, não chegou a Gaza, já que pouco depois o Fatah foi expulso do território pelo Hamas - considerado terrorista pela UE e, portanto, não passível de receber auxílio. No entanto, apontam especialistas, a nova onda de ajuda externa aos palestinos enfrenta fortes dificuldades. A primeira, de ordem econômica, seria a atual crise financeira internacional. Países europeus e árabes, especialmente com a queda do preço do barril de petróleo, estariam menos dispostos a doar recursos. A segunda, de ordem política, seria o bloqueio de Israel a Gaza, iniciado em 2007. "Não é possível reconstruir esse território palestino sem fronteiras abertas", disse Tor Wennesland, o mais graduado diplomata norueguês na região. Para receber o auxílio, os rivais Fatah e o Hamas deverão se reconciliar. No entanto, se as negociações para reconstruir Gaza ainda estão no início, a crise humanitária no território palestino encontra-se em estágio avançado, de acordo com a ONU e organizações locais. Dezenas de milhares de habitantes foram deslocados por causa da violência e dependem do fornecimento de suprimentos. Desde o primeiro dia da ofensiva, há três semanas, cerca de 250 mil estão sem energia. O território, que mesmo antes da guerra já sofria com o bloqueio internacional, ainda poderá presenciar, em breve , o colapso total de seu sistema de saúde e saneamento básico. Cerca de 80% da água consumida já é considerada imprópria. De 1,5 milhão de habitantes, metade não tem fonte de renda fixa e faltam cédulas de dinheiro no comércio, aumentando a informalidade da economia.

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