Premiê anuncia coalizão em Israel

Após sete semanas de impasse, Binyamin Netanyahu firma acordo para novo governo

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Por JERUSALÉM
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O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, firmou ontem um acordo de coalizão para formar o próximo governo. O Likud-Beiteinu, aliança direitista liderada por ele, aliou-se ao partido de ultradireita Habayit Hayehudi (Casa Judaica) e ao centrista Yesh Atid (Há Futuro) após sete semanas de árduas negociações. A nova coalizão é a primeira em uma década a excluir partidos judeus ultraortodoxos. "Trabalharemos juntos no novo governo para todos os cidadãos de Israel", disse Netanyahu em comunicado após a assinatura do pacto. O premiê também prometeu trabalhar para reforçar a segurança de Israel e melhorar o nível de vida da população.O acordo significa uma coalizão de partidos que terá 70 das 120 cadeiras da Knesset (Parlamento). Ele será apresentado hoje ao presidente de Israel, Shimon Peres, logo após o shabat, no último dia de prazo para sua formalização.O líder de Habayit Hayehudi, Naftali Bennett, definiu o novo governo como "uma grande oportunidade que não será desperdiçada". "Prometemos durante as eleições baixar o custo de vida, aumentar a competitividade da economia e devolver o espírito judeu ao Estado. Agora, temos as ferramentas para isso", declarou. Finanças. Sob o novo acordo, o ex-âncora de TV Yair Lapid, do Yesh Atid, a maior surpresa na eleição de janeiro, será nomeado ministro das Finanças. Defendendo temas importantes para a classe média, o partido obteve 19 cadeiras da Knesset, sendo o segundo mais votado, atrás apenas da aliança Likud-Beiteinu, de Netanyahu e do ex-chanceler Avigdor Lieberman, que ganhou 31 cadeiras.Na quinta-feira, o Yesh Atid concordou em juntar-se a um governo liderado por Netanyahu. Outros partidos que compõem a nova coalizão são o Bayit Yehudi (Lar Judaico) e o Hatnuah (O Movimento), liderado pela ex-ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni.Lapid, que substituirá Yuval Steinitz assim que o novo governo tomar posse, fez uma campanha com base no combate às pressões financeiras sobre a classe média. Ele prometeu ainda dividir o peso da crise econômica e rejeitar os privilégios dados aos judeus ultraortodoxos. O novo ministro das Finanças de Israel enfrentará um grande desafio fiscal para reduzir o déficit orçamentário, que atingiu 4,2% do PIB em 2012, o dobro da meta inicial de 2%. Para conseguir reduzir o déficit para 3% do PIB em 2013, o governo precisará cortar US$ 3,8 bilhões em gastos e aumentar impostos em cerca de US$ 1,6 bilhão, de acordo com o Banco Central.Zach Herzog, diretor da Psagot, gestora de fundos israelense, disse que Lapid terá de provar aos mercados que pode administrar a política fiscal. "Do pouco que pode ser colhido de seu ponto de vista econômico, ele estará bastante em linha com a política de centro-direita", disse Herzog. "Ele fará cortes nos programas sociais e benefícios infantis. É parte da plataforma dele."Apesar do conhecimento mínimo de economia, Lapid receberá um crédito de confiança dos investidores, pelo menos no início. "Segundo sua agenda, ele está a caminho de satisfazer os mercados", disse Eyal Klein, estrategista do IBI Investment House e ex-gestor de dívida externa do Ministério das Finanças.Analistas preveem um mandato difícil para Netanyahu, que será forçado a negociar permanentemente com uma coligação heterogênea. Livni será a ministra da Justiça e responsável pelas negociações de paz com os palestinos. Bennett será ministro da Indústria, mas seu partido terá também o ministério da Habitação e Construção. Ele defende a expansão dos assentamentos nos territórios ocupados e a anexação da Cisjordânia - o que o coloca em rota de colisão com Livni. / REUTERS e AP

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