Premiê australiano vence moção de confiança movida pelo próprio partido

Ala conservadora da sigla de Malcolm Turnbull buscava retirar o primeiro-ministro do cargo para impedir a aprovação de um plano energético sustentável

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CAMBERRA - O primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, sobreviveu à moção de confiança movida pelo seu próprio partido e conseguiu se manter no poder em meio à crise gerada após anunciar um plano energético sustentável no país. Após votação interna a portas fechadas entre os membros do Partido Liberal nesta terça-feira, 21, o premiê obteve 48 votos contra 35 de seu adversário, o então ministro do Interior, Peter Dutton. Um parlamentar se absteve e outro estava ausente.

O primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, concede entrevista na sede do Parlamento em Camberra após vencer votação dentro de seu próprio partido e conseguir se manter no cargo. Foto: AP Photo/Rod McGuirk

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Após a votação, Turnbull anunciou que não puniria nenhum ministro que votou contra ele na moção de confiança. Além disso, o premiê ofereceu a Dutton a possibilidade de continuar como ministro do Interior, mas o parlamentar rejeitou a proposta, pediu demissão do cargo e seguirá no Parlamento desfiliado do Partido Liberal. O chefe do Escritório do Tesouro da Austrália, Scott Morrison, assumirá a pasta.

"Eu não vou guardar nenhum rancor de Peter Dutton por ter me desafiado hoje", disse Turnbull. "Nós sabemos que a desunião mina a capacidade de qualquer governo de trabalhar direito e, agora, a unidade é absolutamente crítica."

A moção de confiança foi gestada pelo próprio Partido Liberal após membros da ala conservadora da sigla se posicionarem contra o projeto Garantia Nacional Energética (NEG, na sigla em inglês), que visa diminuir os preços da energia e reduzir a emissão de carbono no país. O grupo contrário, que defende usinas de carvão, iniciou uma disputa interna para impedir a aprovação do projeto e retirar Turnbull do cargo.

Parlamentares contrários ao premiê afirmam que Dutton teria obtido mais apoio se a votação tivesse sido realizada na última quinta-feira, 16, antes do Parlamento australiano entrar em recesso até setembro. Após a derrota, o ex-ministro agradeceu os votos e afirmou que "acreditava ser a pessoa certa para liderar o partido nas próximas eleições". 

A vitória de Turnbull, porém, não significa que ele seguirá no poder, especialmente porque a política australiana tem sido marcada na última década pelas brigas pelo poder dentro dos partidos. Em 2010, o então primeiro-ministro Kevin Rudd, do Partido Trabalhista, perdeu o cargo e a liderança do partido para sua correligionária, Julia Gillard. Em 2015, o liberal Tony Abbott foi derrubado pelo próprio Turnbull, que moveu uma moção de confiança contra o antigo aliado.

Além de possíveis novas disputas internas, Turnbull também enfrenta resistência da oposição nos preparativos para as próximas eleições gerais, que ocorrem em maio do ano que vem. Segundo as pesquisas eleitorais mais recentes, o Partido Liberal está empatado nas intenções de voto com o Partido Trabalhista, com leve vantagem em alguns cenários. //ASSOCIATED PRESS, EFE

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