Premiê britânico é investigado por conflito de interesses

Autoridades acusam Johnson de favorecer empresária com verbas e contratos quando ele era prefeito de Londres

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Por AP , NYT e Reuters
Atualização:

Autoridades de Londres anunciaram ontem a abertura de uma investigação contra o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, por suspeita de conflito de interesses quando ele era prefeito da capital. Johnson, segundo a acusação, teria beneficiado uma empresária americana entre 2008 e 2016.

Boris Johnson na convenção do Partido Conservador, em Manchester (REUTERS) 

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A empresária e ex-modelo Jennifer Arcuri, de 34 anos, teria recebido US$ 155 mil (cerca de R$ 640 mil) em verbas públicas e teria tido acesso privilegiado em viagens comerciais internacionais e patrocínios, segundo o jornal Sunday Times. Ao todo, teriam sido três missões oficiais de comércio exterior ao lado de Johnson. 

As autoridades do município de Londres solicitaram ao Gabinete Independente de Conduta Policial (IOPC, na sigla em inglês) que investigasse a relação da empresária com Johnson. “Isso levará tempo para avaliar e considerar minuciosamente, antes que seja tomada qualquer decisão sobre se é necessário investigar esse assunto”, disse o IOPC, em nota. Em comunicado, a prefeitura de Londres, liderada pelo trabalhista Sadiq Khan, disse ter “informações de que um crime poderia ter sido cometido” no caso.

Ontem, um porta-voz do governo britânico negou qualquer conflito de interesses. “O primeiro-ministro, quando era prefeito de Londres, realizou uma enorme quantidade de viagens para vender a nossa capital no mundo”, justificou o assessor. “Tudo foi feito corretamente.”

Desde que assumiu o governo, Johnson vem sofrendo uma série de derrotas seguidas em votações no Parlamento. No entanto, em vez de se retrair ou dar sinais de enfraquecimento, optou por subir o tom das críticas. Na semana passada, ele foi criticado até por sua irmã, Rachel Johnson, que não gostou dos comentários que ele fez a respeito da deputada trabalhista Jo Cox, defensora da União Europeia, assassinada por um nacionalista favorável ao Brexit antes do referendo de 2016. 

No Parlamento, Johnson disse que a melhor forma de honrar a morte de Cox era “concluir o Brexit”. “A fala de meu irmão foi de extremo mau gosto”, disse Rachel. Vários líderes de oposição e parentes de Cox exigiram um pedido de desculpas do premiê, que se recusou.

Ontem, Michel Barnier, chefe da União Europeia nas negociações sobre o Brexit, disse que o comportamento agressivo de Johnson praticamente elimina as chances de um acordo comercial do Reino Unido com o bloco. 

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Eleição. O premiê, no entanto, tem ignorado os apelos por moderação. Em parte, o comportamento agressivo tem relação com as pesquisas. Ontem, uma sondagem publicada pelo jornal Observer mostrou que seu partido, o Conservador, lidera com folga as intenções de voto. Johnson obteria hoje 36% dos votos – 1 ponto porcentual a menos do que ele tinha na semana passada. O maior partido de oposição, o Trabalhista, teria 24% – um crescimento de 3 pontos porcentuais, mas ainda longe dos conservadores. Em terceiro vem o Partido Liberal-Democrata, com 20% das intenções de voto. Até o momento, os liberal-democratas são os que mais ganharam apoio entre os eleitores que defendem a permanência na UE. 

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