O primeiro-ministro da Rússia, Dimitri Medvedev, um dos principais aliados do presidente Vladimir Putin, renunciou ao cargo junto com todos os integrantes do seu gabinete nesta quarta-feira, 15.
A renúncia do governo, divulgada pelos meios estatais russos, foi concretizada depois do discurso do estado da nação de Putin, em que o presidente anunciou um referendo nacional para mudar algumas das emendas da constituição do país.
No ano passado, Putin venceu as eleições presidenciais russas com 73% dos votos e se reelegeu para um quarto mandato que se estenderá até 2024.
Medvedev apresentou a renúncia após uma reunião de cerca de trinta minutos com Vladimir Putin. O presidente russo pediu ao premiê e seus ministros que se mantenham num governo interino até que um novo seja formado.
A renúncia foi vista por parte da imprensa internacional como uma manobra do líder russo e de seus aliados para dar espaço para a reforma da constituição proposta por Putin.
Apesar de ser considerada uma manobra, veículos russos críticos do governo Putin disseram que a decisão foi surpreendente e inesperada mesmo dentro do governo.
Medvedev é um dos principais aliados de Putin. É colega do ex-agente da KGB desde os anos 1990, foi seu conselheiro fiel quando este foi alçado à posição de líder da Rússia em 1996, e entrou para o governo três meses depois de Putin ser eleito premiê, em 1999.
Como aliado de primeira hora, Medvedev teve apoio de Putin para se eleger presidente da Rússia em 2008 - com Putin como premiê. Ao sair, em 2012, foi escolhido primeiro-ministro, e ficou no cargo até sua renúncia nesta quarta-feira, 15.
O presidente da Rússia, que está no poder desde 1999, quer endurecer os critérios para possíveis candidatos à presidência da Rússia, uma manobra considerada uma tentativa de permanecer no poder após as eleições de 2024, ano em que ele seria obrigado, pela constituição atual, a deixar o poder.
Putin quer que o Parlamento passe a ter "poderes para escolher o primeiro-ministro", mas afirmou em seu discurso que pretende manter a Rússia em um "forte sistema presidencial"./AFP e REUTERS