Premiê diz que assassinato de jornalista foi ataque à Turquia

Polícia turca já identificou suspeito do crime, baseada em informação do pai dele

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, disse neste sábado que vai combater os "provocadores" que, segundo ele, estão por trás do assassinato de um jornalista que havia enfurecido nacionalistas com referências ao "genocídio" de armênios pelos turcos. Hrant Dink, editor da publicação semanal bilíngüe Agos, escrita em turco e armênio, e a voz armênia da Turquia mais conhecida no exterior, foi baleado em plena luz do dia na última sexta-feira, quando saía de seu escritório, em Istambul. "Declaro, mais uma vez, como resposta aos provocadores que têm sangue nas mãos, que as balas disparadas contra Hrant Dink foram disparadas contra todos nós", disse Erdogan em reunião do seu partido, o AK. "Estamos cientes da nossa responsabilidade como governo e isso é uma prioridade...Hrant Dink era um filho desta terra." A polícia turca identificou o suspeito do crime, baseada em informação fornecida pelo pai dele, informou o noticiário do canal NTV. A polícia procura Ogun Samas, que está na cidade litorânea de Trabzon, no Mar Negro, segundo a TV. Anteriormente, a polícia divulgou uma foto de Samas, um jovem com barba bem aparada e um chapéu branco. A NTV disse que a polícia deteve dez pessoas em Trabzon, entre elas o pai de Samas. Culpados Os jornais criticaram o governo por não proteger Dink, que vinha recebendo ameaças. Disseram que o racismo e o nacionalismo, que estão crescendo com a aproximação das eleições de maio e novembro, são, em última análise, os culpados pela morte. Dink, de 52 anos, era cristão e descendente de armênios. Ele era freqüentemente criticado pelos nacionalistas turcos, inclusive políticos e promotores, por afirmar que a morte em massa de armênios pelos turcos otomanos durante a Primeira Guerra Mundial foi um genocídio. Os nacionalistas consideram essas afirmações uma ameaça à unidade nacional. O governo da Turquia, predominantemente muçulmano, nega que houve genocídio e afirma que tanto armênios cristãos como turcos muçulmanos morreram em grande número na fase final do Império Otomano.

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