Premiê do Japão vai renunciar, corrida por sucessor é incerta

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Por LINDA SIEG E TETSUSHI KAJIMOTO
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O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, que foi muito criticado por sua resposta ao tsunami de março e à crise nuclear que o desastre desencadeou, confirmou sua intenção de renunciar, durante uma reunião de parlamentares do governista Partido Democrático do Japão (PDJ). A decisão abre caminho para o partido escolher um novo líder na segunda-feira. "Em um ambiente severo, eu fiz o que tive de fazer", disse Kan a parlamentares do PDJ, depois de renunciar como líder do partido. Ele acrescentou que trabalharia para alcançar sua visão de uma sociedade que não dependa da energia nuclear. Sua proposta por uma reforma na política energética recebeu a aprovação da maioria dos eleitores, mas Kan não conseguiu transformar esse apoio em aumento de popularidade. A corrida para escolher o sexto líder do Japão em cinco anos parecia estar se tornando uma batalha, nesta sexta-feira, entre o candidato mais popular e um rival apoiado por um influente político do partido. Mas com cinco candidatos, o resultado ainda era imprevisível. A emissora pública de TV NHK disse que Ichiro Ozawa, um influente mediador político, apoiaria o ministro de Comércio Banri Kaieda, que se distanciou da dura política antinuclear de Kan, ao invés de Seiji Maehara, ex-ministro de Relações Exteriores, que tem forte aprovação dos eleitores comuns. Maehara, um forte partidário da defesa, fez um apelo para o fim gradativo da energia nuclear até aproximadamente 2030. O sucessor de Kan enfrenta enormes desafios, como um iene forte, visto como uma ameaça à economia dependente de exportações, a reconstrução após os desastres de março, inclusive uma crise de radiação em uma usina nuclear destruída, a elaboração de uma nova política de energia, e a necessidade de frear uma enorme dívida pública enquanto financia crescentes custos de bem-estar social, em uma sociedade que está envelhecendo. A agência de classificação de risco Moody's rebaixou nesta semana a qualificação da dívida soberana do Japão, citando a alta rotatividade na liderança do país como um obstáculo a políticas econômicas eficazes.

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