PUBLICIDADE

Premiê eleito do Iraque acusa Irã de interferir na eleição

Iyad Allawi disse à BBC que Irã quer evitar que ele tome posse como primeiro-ministro.

Por BBC Brasil
Atualização:

O ex-primeiro-ministro do Iraque Iyad Allawi, líder da aliança secular que venceu por uma estreita margem as eleições parlamentares do país, acusou o governo do Irã de tentar evitar que ele se torne o próximo premiê. "Parece, infelizmente, que o Irã está interferindo muito e isto é muito preocupante, pois este é um evento iraquiano que deve ser respeitado. Deve haver respeito pela vontade do povo", afirmou, em entrevista à BBC. Para Allawi, o governo iraniano "deixou bem claro" que quer tentar impedir que ele tome posse como novo primeiro-ministro do Iraque. O ex-premiê disse que um sinal de intervenção é o fato de o Irã ter convidado todos os grandes partidos iraquianos para uma reunião em Teerã, exceto o bloco de Allawi, o Iraqiya. Ele também se disse preocupado com a possibilidade de Teerã estar influenciando uma comissão iraquiana que tem vetado certos candidatos, acusando-os de ter vínculos com o partido Baath, do ex-presidente Saddam Hussein. Isso afetaria a base de apoio ao ex-premiê. A embaixada do Irã na capital iraquiana, Bagdá, não comentou as afirmações de Allawi. Eleições contestadas Na sexta-feira, a Comissão Eleitoral do Iraque anunciou que o bloco de Allawi conquistou 91 assentos no Parlamento, enquanto que o bloco do atual premiê, Nouri Al-Maliki, ficou com 89. Ambos são xiitas representando facções politicamente laicas. Como Allawi não obteve a maioria no Parlamento, terá agora que formar uma coalizão para governar. Se ele não conseguir realizar isso dentro de 30 dias, o presidente do Iraque vai pedir o mesmo para o líder de outro bloco. Observadores da ONU e dos Estados Unidos enviados para acompanhar a eleição no Iraque em 7 de março disseram que a votação foi aceitável. Mas Maliki se recusou a aceitar o resultado do pleito e disse que vai contestar a contagem dos votos por meio dos tribunais. Analistas temem que uma contestação do resultado das eleições possa ser longa e provoque divisões, colocando em risco os avanços em direção a uma maior estabilidade no país. A violência sectária sofreu um salto no Iraque quando os políticos levaram meses para formar um governo depois das eleições de 2005. Dificuldades para governar A maior parte do apoio de Allawi vem da minoria sunita. E a maioria dos partidos que ele precisa para apoiá-lo em uma coalizão são da maioria xiita iraquiana, que tem ligações fortes com o Irã. Enquanto muitos xiitas o apoiam, outros temem o antigo envolvimento de Allawi com simpatizantes de Saddam Hussein, que reprimia os xiitas. Ao acusar o Irã de interferência na política iraquiana, Allawi pode ser acusado de estar buscando uma desculpa para a possibilidade de não conseguir formar um governo, disse North. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.