PUBLICIDADE

Premiê francês depõe em investigação de escândalo

Investigação envolve o ministro do Interior e pré-candidato à Presidência, Nicolas Sarkozy, que apareceu numa lista de contas de uma entidade financeira

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, chegou nesta quinta-feira a um tribunal de Paris para ser ouvido na condição de testemunha em uma investigação sobre uma suposta campanha difamatória contra o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, pré-candidato à Presidência. "Fico feliz de poder dar meu testemunho num caso em que muitas mentiras foram contadas e com o qual já tive de sofrer nos últimos anos", disse Villepin a jornalistas nesta semana, sobre o chamado caso Clearstream. A polícia montou um esquema especial de vigilância nas ruas em torno do tribunal, que fica próximo à Ópera de Paris e das grandes lojas de departamento da capital, antes da chegada de Villepin. Fontes judiciais disseram que o interrogatório pode durar o dia inteiro. O escândalo começou quando os nomes de Sarkozy e outras figuras públicas apareceram numa lista de contas da Clearstream, uma entidade financeira de Luxemburgo ligada ao pagamento de subornos numa venda de fragatas a Taiwan, em 1991. A lista rapidamente se mostrou falsa, mas as investigações sobre sua autenticidade continuaram, levando a queixas de Sarkozy e de outros de que tudo se tratava de um complexo plano para desacreditá-los. Antes de se tornar primeiro-ministro, em 2005, Villepin ordenou pelo menos duas investigações sobre o caso Clearstream e não relatou suas conclusões ao premiê da época ou ao juiz que investigava o caso separadamente. Villepin e Sarkozy são adversários políticos dentro da direita, mas o primeiro-ministro nega veementemente que tenha usado os serviços secretos para prejudicar o ministro do Interior. Villepin afirmou a jornalistas que era sua obrigação agir quando surgiram as acusações, na época em que era chanceler e depois ministro do Interior. Sarkozy é considerado o favorito para ser o candidato de direita à presidência nas eleições de 2007, em que enfrentará a socialista Ségolène Royal. O anúncio feito neste mês por juízes de que Villepin não era considerado suspeito de irregularidades no caso derrubou uma possível barreira para que o premiê eventualmente desafie Sarkozy na disputa interna. Villepin não descarta tentar a candidatura, mas afirma repetidamente que não tem "ambições presidenciais". A ministra da Defesa, Michele Alliot-Marie, outra possível candidata, foi ouvida em novembro no caso Clearstream. Ela pediu que a audiência ocorresse logo para não prejudicar suas aspirações políticas. Villepin é o segundo premiê de um país importante da Europa a prestar depoimento à Justiça neste mês. Na semana passada, o britânico Tony Blair foi ouvido, também na condição de testemunha, em relação ao escândalo de distribuição de títulos nobiliárquicos em troca de doações partidárias.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.