11 de julho de 2010 | 12h57
O partido que governa o Japão, o DPJ, deverá perder o controle da Câmara Alta do Parlamento após as eleições deste domingo, segundo pesquisas de boca-de-urna.
As pesquisas indicam que o partido do primeiro-ministro Naoto Kan poderá conquistar apenas 47 dos assentos disputados.
A eleição é vista como um referendo sobre os dez meses de governo do partido.
Há relatos de que Kan, que se tornou premiê apenas no mês passado, não pretende renunciar.
O DPJ tem atualmente maioria nas duas casas do parlamento, e precisará de coalizões para governar.
Vulnerável
O partido tem 62 assentos que não estão em jogo, e com os estimados 47 que deverá conquistar ainda ficaria aquém da maioria de 122 lugares necessária, segundo a televisão pública japonesa NHK.
O DPJ ainda tem a maioria na Câmara Baixa, que é mais poderosa, mas sua capacidade de governar de forma eficaz ficará comprometida.
O correspondente da BBC em Tóquio, Roland Buerk, disse que o que está em jogo é se o primeiro-ministro conseguirá construir uma base política estável para enfrentar o enorme déficit público.
Segundo Buerk, Kan precisa agora procurar aliados entre os partidos menores e o resultado da eleição poderá deixá-lo vulnerável a desafios à sua liderança dentro do próprio partido.
O DPJ chegou ao poder em agosto de 2009, acabando com meio século de liderança se seu rival, o Partido Liberal Democrata.
Kan sucedeu Yukio Hatoyama, que renunciou abruptamente após apenas nove meses em meio a escândalos de corrupção e à polêmica sobre uma base americana no país.
O líder japonês enfrentava forte pressão por não conseguir cumprir a promessa de campanha de retirar da ilha de Okinawa a base americana que existe na região.
Campanha
A campanha foi dominada pela sugestão do atual premiê de que o Japão precisa discutir a possibilidade de aumento no imposto sobre as transações comerciais, uma questão que divide os eleitores, segundo o correspondente da BBC.
Kan disse que o Japão precisa evitar o colapso financeiro.
"A economia japonesa é de 20 a 30 vezes maior do que a da Grécia e seu déficit público é enorme, então nenhum país no mundo poderia resgatar o Japão", disse Kan na sexta-feira se referindo à crise deficitária grega.
O Japão vem se endividando há duas décadas, tentando tirar sua economia da estagnação.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Encontrou algum erro? Entre em contato