Premier chinês pede apoio do Japão em impasse com Taiwan

China acusa japoneses de excessiva simpatia pelas forças separatistas da ilha

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, pediu a Tóquio que se oponha à independência de Taiwan, em discurso no Parlamento do Japão nesta quinta-feira, 12, no segundo de três dias de visita ao país. O premier foi duro a respeito de Taiwan, ex-colônia japonesa separada desde 1949 da China continental, que a considera uma "província rebelde". A China acusa o Japão de ter excessiva simpatia pelas forças que defendem a independência formal da ilha em relação a Pequim. "Vamos nos empenhar com toda a nossa força para obter uma resolução pacífica da questão de Taiwan, mas nunca vamos tolerar a independência de Taiwan", disse Wen. "Esperamos que o Japão possa entender a natureza altamente sensível da questão de Taiwan, cumprir suas promessas e lidar prudentemente com a questão." Em visita histórica, Wen Jiabao instou ambos os países a aprender as lições do "passado infeliz" e defendeu o "degelo" nas relações e promoveu perspectivas de cooperação com o vizinho e rival. O primeiro-ministro teve seu discurso elogiado pelas autoridades japonesas, onde insistiu em uma mensagem clara: a cooperação entre a segunda e a quarta maiores economias do mundo oferece "uma oportunidade", e "não uma ameaça". Ele faz uma viagem de três dias ao Japão, marcada mais por gestos simbólicos do que por avanços reais em disputas sobre energia, território e história. Wen completa nesta quinta-feira o segundo dia de sua visita oficial ao Japão, a primeira de um governante chinês em sete anos, destinada a promover a melhora das relações impulsionadas em outubro com a viagem do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a Pequim. "Deixando de lado a disputa entre os países, deveríamos impulsionar as negociações com base em um projeto conjunto e dar passos concretos para solucionar pacificamente as diferenças para transformar o mar em um local de paz, amizade e cooperação", afirmou o premiê chinês. Além de se reunir com o imperador Akihito, a agenda de quinta-feira teve como ponto culminante o discurso do premier chinês na Dieta (Parlamento) do Japão, algo que não ocorria há 22 anos. "Espero que esta visita ajude no degelo entre China e Japão. O objetivo é promover a amizade e a cooperação", disse o premier chinês, aplaudido de pé pelos parlamentares japoneses. Sua visita, de caráter principalmente conciliador, não deixou de lado temas espinhosos, freqüentes em uma relação entre dois vizinhos que sempre se olharam com desconfiança e se enfrentaram em várias guerras. Wen fez alguns alertas de que a China continua desconfortável com o comportamento japonês a respeito da sangrenta ocupação que promoveu em grande parte da Ásia, inclusive a China, até 1945. "O povo chinês sofreu calamidades durante a guerra da invasão lançada pelo Japão", disse Wen a jornalistas, citando pedidos de desculpas feitos nos últimos anos. "Sinceramente esperamos que o Japão manifeste esta posição e essa promessa em ações práticas." Relações Econômicas A visita de Wen Jiabao ao Japão também tem caráter econômico, pois a China é o maior parceiro comercial do Japão, e os negócios entre os dois países quadruplicaram na última década, atingindo US$ 250 bilhões em 2006. Em outro ato que contou com a presença de cerca de 400 empresários japoneses, Wen pediu a cooperação deles para ajudar a manter o elevado crescimento econômico chinês por meio da experiência com modernas tecnologias. "Precisamos cooperar em áreas como economia de energia, proteção do meio ambiente, altas tecnologias e em assuntos financeiros", disse o dirigente chinês. Ele também fez alusão a uma possível cooperação na extração de gás e petróleo num trecho disputado do mar do Leste da China, mas na reunião de quarta-feira com Abe aparentemente não houve avanços concretos na delimitação da fronteira marítima.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.