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Premier do Timor critica CS e prevê ´novo Darfur´ en Mianmar

Para ele, a falta de disposição do Conselho de Segurança demonstra impotência

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro do Timor Leste, José Ramos Horta, prêmio Nobel da Paz em 1996, comentou nesta sexta-feira sua decepção com a incapacidade do Conselho de Segurança das Nações Unidas para resolver o problema dos direitos humanos em Mianmar (antiga Birmânia). "Onde está a tão famosa diplomacia preventiva da ONU? Não seria esta uma oportunidade para solucionar o assunto e evitar que aumente? Ou devemos enterrar nossas cabeças na areia e permitir um novo Darfur em Mianmar?", perguntou, numa referência ao conflito no Sudão. Em Díli, após voltar da Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), onde assinou o Tratado da Amizade do grupo, Ramos Horta declarou estar "profundamente decepcionado porque o Conselho de Segurança tem sido incapaz de atuar sobre Mianmar". "Sinto-me obrigado a falar disso devido à grave situação dos direitos humanos em Mianmar. Meu interesse existe há muito tempo. A situação agora dura quase 20 anos, e é um assunto conhecido", acrescentou Ramos Horta. "O pretexto de alguns membros do Conselho de Segurança de que a situação não põe em risco a segurança internacional é parcialmente certa. Mianmar não possui armas nucleares, nem biológicas, nem um grande Exército. Mas pratica a perseguição sistemática, a tortura, o trabalho forçado e as violações", criticou, citando também como problemas graves o narcotráfico, a expansão da aids e uma taxa elevada de deslocados internos, com até 1 milhão de pessoas fugindo para nações vizinhas. Tudo isso, opinou o primeiro-ministro timorense, constitui uma grave ameaça à segurança regional e internacional, exigindo a atenção do Conselho de Segurança. O governante disse que é preciso observar "de maneira real" a situação dos direitos humanos na Birmânia, particularmente das minorias étnicas. "O momento para agir é agora. A falta de disposição do Conselho de Segurança demonstra a impotência da instituição", disse.

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