Premier francês diz ser ´absurdo´ envio de tropas ao Iraque

Villepin manifestou essa opinião em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times, na qual critica indiretamente a decisão do presidente dos EUA

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, considera "absurda" a idéia de que o aumento do número de efetivos dos Estados Unidos no Iraque ajudará a estabilizar o país e acredita que a violência continuará até que todas as tropas se retirem. Villepin manifestou essa opinião em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times publicada nesta quarta-feira, na qual critica indiretamente a decisão do presidente dos EUA, George W. Bush, de reforçar a presença americana no país. Uma força de ocupação foi a origem da crise e é necessário estabelecer um calendário para sua retirada, ressaltou o chefe de governo francês, que ficará por mais três meses no poder. "Dizer que as tropas estrangeiras partirão quando o Iraque for um país democrático é absurdo. Isso não acontecerá. Qualquer que seja o contingente de forças estrangeiras no Iraque, as coisas continuarão a se deteriorar", disse Villepin. "Precisamos de uma visão clara para a retirada das tropas estrangeiras e o retorno da plena soberania do Iraque. Até que isto fique claramente estabelecido, sem os passos e o objetivo de uma retirada total, as coisas não melhorarão", acrescentou. O Financial Times afirma que Villepin ainda é lembrado por seu discurso nas Nações Unidas em fevereiro de 2003, no qual manifestou sua oposição à invasão do Iraque. "Disse isso em 2003, dissemos com firmeza junto com o presidente (francês, Jacques) Chirac, que não há uma solução militar para o Iraque. O que afirmamos em 2003 ainda é verdade em 2007", acrescentou. No entanto, Villepin ressaltou que há um interesse internacional e regional de impedir que o país entre em guerra civil, e manifestou que é preciso fazer um esforço maior para incorporar a Síria e o Irã no processo de estabilização. Além disso, advertiu que falta imaginação à comunidade internacional em suas tentativas de deter o programa nuclear do Irã. "É inaceitável que o Irã tenha capacidade militar nuclear", afirmou Villepin ao diário econômico.

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