Premier iraquiano diz que morte de Saddam não será adiada

Para Maliki, quem rejeita a execução insulta "os mártires do Iraque e sua dignidade"

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, afirmou nesta sexta-feira, 29, que a execução da sentença de morte contra o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein "não será adiada". Segundo a emissora de TV oficial iraquiana Al-Iraquiya, Maliki fez a afirmação enquanto recebia várias famílias da aldeia de Dujail, ao norte de Bagdá. "Não será nem revista nem adiada a execução da pena de morte contra o criminoso Saddam", declarou Maliki, que, no entanto, não estabeleceu uma data para a execução do presidente deposto. Os 148 xiitas executados por ordem de Saddam eram de Dujail. Um tribunal iraquiano afirmou que eles estavam envolvidos com uma tentativa de assassinato contra o presidente realizada na aldeia em 1982. O primeiro-ministro iraquiano acrescentou que "ninguém pode apelar contra a condenação de morte do criminoso Saddam após a ratificação do veredicto pelo tribunal". Na última terça, o Tribunal Penal iraquiano confirmou a sentença de morte contra Saddam, seu meio-irmão Barzan al-Tikriti e o ex-juiz Awad al-Bandar. Pelas leis iraquianas, os condenados deverão ser executados em um prazo inferior a 30 dias após a sentença, que não poderá ser apelada. Além disso, Maliki qualificou os que rejeitam a execução de Saddam de pessoas "que insultam os mártires do Iraque e sua dignidade". Nesta sexta, as tropas americanas solicitaram aos advogados do deposto presidente iraquiano que recolham seus objetos pessoais, disse o chefe da equipe de advogados do ditador, Khalil al-Dulaimi. Dulaimi acrescentou que a execução do presidente será em breve, apesar de não ter estipulado data. Visão turca O ministro de Assuntos Exteriores da Turquia, Abdula Gul, afirmou também nesta sexta que os iraquianos devem pensar muito bem antes de executarem Saddam Hussein. Segundo Gul, "o julgamento e a execução de Saddam Hussein é um assunto interno dos iraquianos. Eles sabem como tratar este problema. Nós não interferiremos". Ele também disse que a morte do ex-ditador poderia levar a um aumento do caos, pois os iraquianos "têm disputas e problemas entre eles". "Recomendamos a eles que pensem muito bem (antes de executá-lo)", declarou. Gul afirmou à emissora NTV que a Turquia deseja ver o fim da violência no Iraque e disse que a divisão do país causará problemas, não apenas para os iraquianos, mas também aos vizinhos e para todo o mundo. "Em caso de divisão a atitude dos moradores do Iraque mudará. Agora estamos de acordo com a unidade e a integridade do Iraque. Todos dizemos o mesmo. Porém, caso o Iraque seja dividido, então teremos diferentes atitudes", declarou Gul. Além disso, Gul não descartou uma eventual incursão de seu Exército para combater as milícias do Partido dos Trabalhadores Curdos, que também operam na Turquia. "Faremos tudo o que for necessário para prevenir o terror", declarou o chefe da diplomacia turca.

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