Premier israelense aceitará acordo de cessar-fogo no Líbano

Ofensiva militar deve continuar até que decisão seja endossada pelo governo israelense

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, endossou o acordo de cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos e França ao Conselho de Segurança da ONU para impor um cessar-fogo nos enfrentamentos entre Israel e a guerrilha xiita Hezbollah, e já teria informado a diplomacia americana de sua decisão. Olmert recomendará que seu gabinete aprove o acordo em uma reunião no próximo domingo, disse Gideon Meir, um importante membro do Ministério de Exteriores israelense. A notícia veio após um dia de idas e vindas tanto na frente diplomática quanto na frente militar, com Israel anunciando a expansão de sua ofensiva militar contra posições do Hezbollah no Líbano. O acordo franco-americano propõe o envio de 30 mil homens do Exército libanês e das forças de paz da ONU para regiões próximas à fronteira entre o Líbano e Israel. Ainda assim, o texto passa ao largo de algumas das demandas do governo israelense, incluindo a exigência de que as forças da ONU obtivessem um mandato forte para combater os guerrilheiros do Hezbollah. No entanto, o rascunho é a melhor chance para o processo de paz após mais de quatro semanas de uma guerra que já matou mais de 800 pessoas, destruiu a infra-estrutura libanesa e inflamou as tensões no Oriente Médio. Embora a decisão do gabinete tenda a ser favorável ao cessar-fogo, Israel continuará com sua ofensiva militar até que o gabinete israelense aprove o acordo em sua reunião semanal no próximo domingo, informou Meir. Ainda não está claro se os militares aproveitaram o tempo restante para continuar com a expansão de suas operações terrestres ou apenas manterá as posições já conquistadas. Dilema Apenas seis horas se passaram da decisão de Olmert de ampliar a ofensiva terrestre até sua aceitação do acordo de paz. O vai e vem assinala o dilema do premier após meses de batalhas inconclusivas. Israel foi incapaz de derrotar o Hezbollah e está preocupado com o crescente número de baixas em suas fileiras, assim como com as críticas internacionais diante do prolongamento do conflito. Ainda assim, Olmert também teme que a aceitação de um acordo que não freie a guerrilha possa levar a uma nova guerra - fato que significaria uma derrota política sem precedentes para o premier. Mais cedo, a França e os Estados Unidos anunciaram ter chegado a um acordo sobre um projeto de resolução com o objetivo de terminar o conflito entre Israel e o Hezbollah, que já dura um mês, e anunciaram que o Conselho de Segurança votaria o texto ainda nesta sexta-feira. O acordo foi firmado após dias de impasse entre a diplomacia dos dois países, encarregadas de preparar o texto. Segundo a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Margaret Beckett, a resolução concederia às forças pacificadoras das Nações Unidas no Líbano poderes legais sob o Capítulo 6 da Carta da ONU - ao que Israel se opôs anteriormente. Beckett disse, entretanto, que essa modificação seria feita para tornar as forças mais efetivas do que foram em seus 28 anos de permanência no sul do Líbano. De acordo com o rascunho de resolução, um novo contingente de 15 mil homens reforçaria a força de paz da ONU com o objetivo de permitir que o Exército libanês ocupe a região paralelamente à "retirada de Israel". As forças da ONU, conhecidas pela sigla Unifil, ajudariam a coordenar o posicionamento das tropas libanesas no sul, que está sob o controle das milícias do Hezbollah há anos. Então, os soldados israelenses que ocuparam a área em mais de quatro semanas de guerra recuariam. Cerca de 2 mil homens da Unifil estão estacionados no Líbano desde 1978. Segundo o texto, o mandato da força de paz incluiria vários pontos, entre eles: o monitoramento do cumprimento do cessar-fogo, o acompanhamento das tropas libanesas paralelamente à retirada de Israel e a garantia de que a ajuda humanitária consiga chegar à região. Os Estados Unidos e a França queriam originalmente que a Unifil se posicionasse sob o Capítulo 7 da Carta, que daria às tropas regras de engajamento ainda mais fortes. Mas o Líbano se opôs devido a temores de que estes poderes legais fariam os pacificadores parecerem ocupantes. Os dois lados enviaram o novo texto aos governos de Israel e do Líbano, mas um diplomata francês disse que a votação ocorrerá independentemente da reação de ambos. O Conselho deve votar o documento em horário próximo às 20 horas, disse a diplomata. Texto atualizado às 19h37

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