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Premier libanês diminui número de mortos em Houla de 40 para 1

Saniora volta atrás e desmente número divulgado em declaração emocionada. Ataques continuam enquanto árabes pressionam por mudanças na resolução

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro libanês, Fuad Saniora, diminuiu nesta segunda-feira de 40 para 1 o número de mortos em um ataque aéreo israelense contra a vila de Houla, próxima a fronteira sul do Líbano. Mais cedo, em uma reunião com ministros de Exteriores da Liga Árabe, ele caiu em lágrimas ao reportar que 40 pessoas haviam sido mortas em decorrência do ataque. Saniora gaguejava enquanto pedia aos colegas dos Estados árabes que ajudem o país "devastado" pela ofensiva israelense, que desde 12 de julho tem atingido civis e a infra-estrutura do país. Saniora falou sobre o ataque à vila, palco de intensos conflitos terrestres nos últimos dias, em um discurso emocionado que abriu o encontro dos ministros de relações Exteriores da Liga Árabe. A reunião acontece como demonstração de solidariedade ao governo e população libanesa. Em uma coletiva de imprensa após a reunião, no entanto, corrigiu a informação, e disse que anunciou as 40 mortes baseado em dados de fontes não especificadas. Ele não deu nenhuma outra explicação para o erro. Ainda assim, mais tarde um funcionário das forças de segurança libanesas afirmou que aproximadamente 30 pessoas estavam presas em escombros e que o número de mortes ainda era desconhecido. Ainda segundo o funcionário, mantido na condição de anonimato pois não tinha autorização para falar com repórteres, grupos de socorro trabalhavam no local tentando resgatar os sobreviventes que gritavam por ajuda. O funcionário disse ainda que entre os presos havia mais vivos do que mortos. "Há sinais positivos de que o número de mortos possa ser menor do que imaginamos", afirmou. Estações de TV locais relataram que socorristas resgataram 65 sobreviventes dos escombros, entre eles 35 crianças. Mais uma ponte derrubada Além do bombardeio da cidade de Houla, Israel explodiu hoje a última ponte que restava sobre o rio Litani e deixaram isoladas as cerca de 22 mil pessoas que ainda estão na região. A ponte era a última ligação com o sul do país. Três fortes explosões abalaram Beirute logo após o pôr-do-sol desta segunda-feira, duas horas depois da partida dos ministros de relações exteriores da Liga Árabe. Funcionários das forças de segurança libanesas disseram que a artilharia naval israelense atirou nos subúrbios ao sul de Beirute de navios que estão na costa do Mediterrâneo, onde também realizam um bloqueio marítimo contra o país. Outras fontes afirmam que os ataques foram aéreos. Não há informações sobre mortos ou feridos. Já nos subúrbios ao sul de Beirute, cinco pessoas morreram vítimas de novos bombardeios israelenses. Ao menos 23 pessoas morreram em todos os conflitos e ataques desta segunda-feira. Três soldados soldados israelenses morreram em combate. Trata-se do maior número de libaneses mortos em vários dias. Aparentemente, a ofensiva israelense desta segunda-feira é uma resposta aos ataques do Hezbollah de domingo, quando 15 israelenses morreram. Encontro da Liga Árabe Saniora propôs acelerar o deslocamento de tropas libanesas ao sul do país para auxiliar no fim dos conflitos, mas disse que as tropas israelenses devem se retirar. O exército libanês pediu que milhares de reservistas se apresentem a partir de quinta-feira, como parte de um plano que pode recrutar 15 mil soldados além do contingente regular. Saniora conseguiu forte apoio das nações árabes, que se reuniram em Beirute e pediram por mudanças na proposta franco-americana de cessar-fogo, que englobe as demandas libanesas. Uma delegação de funcionários de alto-nível, incluindo o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, irá até as Nações Unidas para pressionar pela revisão do documento. Enquanto isso, israelenses e Hezbollah intensificam suas ofensivas antes que uma proposta de trégua aceitável por ambos os lados seja criada.

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