O primeiro-ministro turco, Abdullah Gul, anunciou que, no fim desta semana, pedirá ao Parlamento autorização de uso das instalações militares do país pelas forças americanas, no caso de uma guerra contra o Iraque. "Continuamos trabalhando para a paz e ainda confio numa solução pacífica. Mas devemos preparar-nos para as piores possibilidades", justificou Gul, dizendo estar agindo em defesa dos interesses do país. Apesar de contar com o apoio político de ampla maioria no Parlamento, Gul terá de realizar intensas negociações para convencer os deputados, incluindo os de seu próprio partido (do Desenvolvimento e da Justiça, islâmico). A esmagadora maioria da população turca - muçulmana, como a do Iraque - se opõe a um ataque. O governo americano aumentou nas últimas semanas a pressão sobre a Turquia para que lhe permita usar bases militares em seu território, que faz fronteira com a região curda iraquiana, não controlada pelo regime de Saddam Hussein. Em troca desse apoio, os EUA ofereceram ajuda econômica. A Turquia teme que uma nova guerra no Golfo Pérsico debilite ainda mais sua economia, lance milhões de refugiados em seu território e fortaleza as aspirações de independência da minoria curda turca - concentrada na região fronteiriça com a parte curda iraquiana. Temendo represálias do Iraque, no caso de os EUA lançarem ataques de seu território, o governo turco começou a instalar baterias de mísseis terra-ar em seus principais portos e aeroportos militares e sistemas antiaéreos tipo Stinger em vários possíveis alvos, como a sede do governo e do Parlamento, informou o diário local Al-Sabah. Hoje, chegou ao Golfo o primeiro contingente militar da Marinha Real britânica, com cerca de mil fuzileiros navais. A Grã-Bretanha pretende enviar cerca de 30 mil militares para a região. O ministro da Defesa, Geoff Hoon, anunciará esta semana na Câmara dos Comuns o envio de mais de 40 aviões de combate e outros 20 de apoio, além de mais 3 mil soldados. No Cairo, funcionários da Liga Árabe confirmaram que os chanceleres dos 22 países membros dessa organização realizarão, no dia 15, uma reunião extraordinária para tratar da crise iraquiana.