Preocupação agora é reconstruir áreas mais devastadas do país

Peru gastará até US$ 3,5 bilhões, ou cerca de 2% do PIB, estima analista

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Por Redação
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Num momento em que os destroços ainda são revirados em busca de sobreviventes é difícil precisar a quantidade de recursos necessária para reconstruir as áreas afetadas pelo terremoto de quarta-feira no Peru. As estimativas, segundo o economista Fritz du Bois, do Instituto Peruano de Economia, variam entre 1% e 2% do PIB peruano - ou de US$ 1,7 a US$ 3,5 bilhões -, que seriam gastos ao longo de 2 anos. "Foi mais ou menos isso que se gastou em reconstrução em terremotos anteriores", diz o especialista. "Como o tremor afetou principalmente casas populares, não há razão para pensar que esse valor será extrapolado." Ainda na sexta-feira, o Ministério de Habitação peruano anunciou um projeto para subsidiar a construção de 4 mil casas populares nas regiões afetadas, pelo qual os moradores teriam de arcar com apenas 10% do valor dos imóveis. A ministra do Trabalho, Susana Pinilla Cisneros, também prometeu empregos temporários a 20 mil vítimas do terremoto, negociados junto às administrações locais. "A pobreza deve aumentar nas cidades atingidas sobretudo no curto prazo, por causa das perdas de casas e pequenos comércios, que eram fonte de sustento de muitas famílias", diz Efrain Gonzáles, professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Peru. Nas cidades de Ica, Pisco e Chincha cerca de 60% da população trabalhava no setor de serviços, que foi praticamente arruinado. "Por outro lado, o processo de reconstrução impulsionará a redistribuição de recursos de outras regiões para a zona afetada e, se bem coordenado, poderá gerar empregos e reativar a economia dessas cidades." A reconstrução também será um desafio para o presidente peruano Alan García. Após uma gestão desastrosa na década de 80, Garcia só conseguiu chegar pela segunda vez à presidência, em julho do ano passado, por ser considerado um "mal menor" diante do segundo candidato, o populista Ollanta Humala, apoiado pelo líder venezuelano Hugo Chávez. Para complicar, a sensação de que as suas promessas de melhorar a vida dos peruanos excluídos dos benefícios do crescimento econômico não foram cumpridas derrubaram a popularidade do presidente de 60%, nos primeiros meses de gestão, para cerca de 40%, hoje. O modo como o governo de García reagirá à tragédia causada pelo tremor, dizem os analistas, pode condená-lo ou redimi-lo frente a amplos setores da opinião pública.

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