Disposto a conter uma "crise nas relações transatlânticas", o presidente da União Européia, Costas Simitis, propôs a realização de uma cúpula de emergência para forjar um consenso europeu sobre como lidar com o Iraque. O grego Simitis propôs a realização de uma reunião de cúpula em 17 de fevereiro em Bruxelas, Bélgica, no momento em que as duas forças-motrizes européias - França e Alemanha - insistiam em planos para o envio de mais inspetores de armas para o Iraque - desta vez com o apoio de soldados de paz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O plano poderia engavetar um assalto militar que Washington vem preparando há semanas. O premier grego Costas Simitis manifestou ter a esperança de que os governos da UE possam finalmente falar numa única voz sobre o Iraque, baseados num relatório que os inspetores de armas da ONU, Hans Blix e Mohammed El-Baradei, apresentarão no Conselho de Segurança das Nações Unidas na sexta-feira. "Existe claramente um desejo de mais coordenação na União Européia", considerou o chanceler grego, George Papandreou. "Eu tinha inicialmente o sentimento de que a guerra iria ocorrer independentemente do que fizéssemos. Isso não é mais verdade", afirmou ele, sobre a proposta franco-germânica. A Grécia ocupa atualmente a presidência rotativa da UE. Enquanto espera confirmação de líderes da UE de que participarão da cúpula, Atenas parece estar jogando com a possibilidade de que Blix e El-Baradei apresentem um relatório mais positivo do que o que foi feito em 27 de janeiro. Isso poderia levar todos os governos da UE a aceitarem a idéia de dar mais tempo aos inspetores de armas. O porta-voz do Ministério do Exterior grego, Panos Beglitis, disse que a presidência da UE apóia a idéia de dar mais tempo às inspeções no Iraque. Até agora, a UE tem sido irrelevante nas discussões sobre o Iraque, devido às profundas divergências entre seus 15 membros sobre a questão. Grã-Bretanha, Portugal, Dinamarca, Itália e Espanha apóiam, no geral, a posição linha-dura de Washington em relação ao Iraque. França, Alemanha, Bélgica, Áustria, Suécia e Luxemburgo, por outro lado, querem que os inspetores de armas concluam seu trabalho. Jonathan Faull, porta-voz da Comissão Executiva da UE em Bruxelas, advertiu que "se a Europa quer ter credibilidade e influência, ela tem de falar com uma única voz". Mais crucial foram expressões de preocupação de que a crise iraquiana - e o tom desagradável entre Washington e seus aliados europeus - começa a azedar as relações transatlânticas. Bleglitis disse que a presidência da UE temia que Washington cancele um encontro, marcado para 27 de fevereiro, de altas autoridades européias e norte-americanas em Washington. "Ninguém pode negar que existe uma crise nas relações transatlânticas", admitiu. "Tem de haver calma dos dois lados. Isso pode ser ruim para os dois lados."