Presidente afirma que não negociará com grupos armados no Sudão

O presidente al-Bashir assegurou que seu Governo fechou as portas ao diálogo com aqueles que rejeitam o acordo de paz assinado em 5 de maio na cidade de Abuja

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, advertiu neste domingo que não haverá mais negociações sobre a região sudanesa de Darfur, após o acordo de paz assinado em 5 de maio na cidade nigeriana de Abuja. "O tratado de paz assinado em Abuja com (uma facção do) Movimento de Libertação do Sudão (MLS) é definitivo, e por isso não serão abertas novas negociações. As conversas de paz sobre Darfur terminaram", afirmou Bachir, em discurso na inauguração de uma ponte no leste da capital. Nesse sentido, o presidente assegurou que seu Governo "fechou as portas ao diálogo com aqueles que rejeitam o acordo de Abuja". A estes, ele advertiu que "só há duas opções: aderir ao tratado sem fazer-lhe modificações, ou partir para o enfrentamento militar". O chefe de Estado se referia a grupos insurgentes de Darfur que no início do mês criaram em Asmara, capital Eritréia, a "Frente de Salvação Nacional" (FSN), e anunciaram a "opção da luta armada em seu enfrentamento contra o Governo". Bachir aproveitou a ocasião para reiterar sua rejeição ao desdobramento de uma força de pacificação sob o comando da ONU em Darfur, em substituição das tropas da União Africana. "Destacar forças das Nações Unidas em Darfur representaria o retorno do colonialismo ao país. Nós não aceitaremos uma segunda colonização. Não entregaremos o Sudão ao estrangeiro e à ONU, sejam quais forem suas resoluções", afirmou Bachir. Conflitos O FSN deu início à luta armada na segunda-feira passada, com um ataque na província de Kordofan do Norte, vizinha a Darfur, deixando duas mulheres e dez policiais mortos. O conflito de Darfur eclodiu em fevereiro de 2003, quando o MLS e o MJI pegaram em armas para protestar contra a pobreza e a marginalização da região. Cerca de 200 mil pessoas morreram desde então, e dois milhões se viram forçadas a abandonar seus lares e alojar-se em campos de refugiados no Sudão e Chade, no que, segundo a ONU, constitui um dos piores desastres humanitários deste século.

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