O presidente dos EUA, Barack Obama, aterrissará na noite de hoje em Buenos Aires com uma comitiva de 400 empresários tão aguardada quanto ele mesmo, mas também será alvo de protestos potencializados pela data em que chega. Na quinta-feira, o golpe que levou à última ditadura militar argentina (1976-1983) completa 40 anos e grupos de direitos humanos se organizam para lembrar a participação americana nele.
A confirmação da primeira visita de Estado de um líder americano para um encontro bilateral em 19 anos foi confirmada há pouco mais de um mês. A Casa Branca deixou claro que a decisão tem relação direta com o rumo do governo de Mauricio Macri, que assumiu o poder em dezembro e mostrou-se avesso ao antiamericanismo de Cristina Kirchner.Macri derrubou barreiras econômicas e pressiona pela libertação de presos políticos na Venezuela, considerada pelos EUA um risco para sua segurança nacional.
A chanceler argentina, Susana Malcorra, falou ontem sobre os preparativos. “Eu mesma fui pega de surpresa, achei que viria meses mais tarde e a Casa Branca não organiza viagens repentinas”, disse. Ela tentou baixar a expectativa geral sobre a visita. “Prefiro desmitificar essas viagens. Não é porque chefes de Estado estão vindo que tudo vai mudar rápido. Isso dá é um sinal de abertura, principalmente para o setor privado do país de origem. Acelera o processo”, previu Malcorra. Temas de energia e narcotráfico devem ser centrais, masa marca da viagem tende a ser a formalização por Obama da abertura de arquivos sobre a última ditadura argentina. Este lote, que não é o primeiro publicado, só seria divulgado em 10 anos.
O Vaticano anunciou no sábado que também abrirá arquivos da ditadura argentina. São em geral cartas que eram recebidas por religiosos sobre desaparecidos e jornais da época. Entidades como as Mães e as Avós da Praça da Praça de Maio, opositoras a Macri, esperam que esses documentos contenham pistas de desaparecidos e seus filhos.