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Na ONU, presidente da Autoridade Palestina rejeita plano de paz de Trump

Mahmoud Abbas afirmou que a proposta do presidente dos Estados Unidos para o conflito entre palestinos e israelenses não garante soberania ao povo palestino

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, criticou nesta terça-feira, 11, perante o Conselho de Segurança da ONU, o plano de paz para israelenses e palestinos proposto pelos Estados Unidos. 

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Agitando uma cópia do mapa que o plano dos EUA prevê para Israel e Palestina,  Abbas disse que o estado estabelecido para os palestinos parecia um "queijo suíço" fragmentado.

Em uma possível reprimenda ao plano de Trump, Tunísia e Indonésia estão distribuindo um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenaria uma tentativa israelense de anexar seus assentamentos na Cisjordânia

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidsa Foto: EFE/EPA/JASON SZENES

Se submetido a votação, o texto enfrentaria um veto dos EUA, mas ainda assim refletiria a visão sombria de alguns membros em relação ao plano de paz que Trump lançou com grande alarde.

Divulgado em 28 de janeiro, o plano reconheceria a autoridade de Israel sobre os assentamentos judaicos da Cisjordânia e exigiria que os palestinos enfrentassem difíceis condições enquanto Estado, com capital em uma vila na Cisjordânia, a leste de Jerusalém. 

"Este é o estado que eles nos darão", disse Abbas. "É como um queijo suíço, na verdade. Quem de vocês aceitará um estado e condições semelhantes?"

Falando em uma manifestação eleitoral na cidade israelense de Bat Yam, o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu rejeitou as críticas e sugeriu a possibilidade de que os países árabes possam aceitar o plano de Trump, mesmo que os palestinos não o façam.

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"Não é um queijo suíço. Este é o melhor plano que existe para o Oriente Médio, para o Estado de Israel e também para os palestinos", disse ele, acrescentando que o plano "reconhece a realidade e os direitos do povo de Israel, os quais você constantemente se recusa a reconhecer."

Abbas pediu que Trump descarte o plano e busque um retorno às negociações com base nas já existentes resoluções da ONU, que exigem uma solução de dois estados com base nas linhas de fronteira anteriores a 1967. Ele rejeitou o papel de mediador dos EUA e pediu por uma conferência internacional. "Os EUA não podem ser o único mediador", disse.

Sugerindo que protestos violentos podem surgir, Abbas disse que "a situação pode implodir a qualquer momento... Precisamos de esperança. Por favor, não tire essa esperança de nós". Mais tarde, ele disse que os palestinos não "recorreriam ao terrorismo".

Embora o objetivo declarado de Trump fosse acabar com décadas de conflito, seu plano favoreceu Israel, condição destacada pela ausência de palestinos em seu anúncio na Casa Branca, com Netanyahu ao seu lado.

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Enquanto os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe, em 1º de fevereiro, rejeitaram o plano, três estados árabes do Golfo - Omã, Bahrein e Emirados Árabes Unidos - estiveram representados no anúncio da Casa Branca, sugerindo que eles podem estar priorizando os laços com os Estados Unidos.

Abbas disse que o acordo não é uma parceria internacional, mas uma proposta de um estado apoiado por outro estado a ser imposto aos palestinos. O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon, acusou Abbas de não ser realista e disse que a paz não era possível enquanto ele permanecesse no poder.

Uma pesquisa de 5 a 8 de fevereiro, realizada na Cisjordânia e na Faixa de Gaza pelo Centro Palestino de Pesquisas e Políticas, descobriu que 94% dos palestinos rejeitam o plano, que Trump chamou de "Acordo do Século". / AFP e REUTERS 

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