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Presidente da China inicia visita aos EUA em meio a tensão bilateral

Países divergem em temas como deficit comercial, direitos humanos e a questão cambial.

Por Alessandra Corrêa
Atualização:

Autoridades chinesas e americanas destacaram importância da visita O presidente da China, Hu Jintao, chegou nesta terça-feira aos Estados Unidos para uma visita oficial de quatro dias que analistas afirmam ser a mais importante de um líder chinês em mais de 30 anos, desde que as relações entre os dois países foram formalizadas em 1979. A viagem deverá ser a última de Hu aos Estados Unidos antes de deixar a Presidência da China, em 2013, e ocorre em um momento de tensão entre os dois países por conta de uma série de temas, como deficit comercial, direitos humanos e a questão cambial. A visita também é realizada em meio à crescente influência econômica, militar e diplomática da China. Hu foi recebido na tarde desta terça-feira em Washington pelo vice-presidente americano, Joe Biden. À noite, participa de um jantar privado oferecido pelo presidente Barack Obama na Casa Branca. Câmbio Autoridades chinesas e americanas destacaram nos últimos dias a importância da visita. "Esperamos que essa visita promova relações positivas e de cooperação entre a China e os Estados Unidos, que indiquem novas direções para as relações bilaterais na nova era e elevem a cooperação a um novo nível", disse o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Hong Lei. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que os dois países se encontram em um ponto crítico, em que as escolhas que fizerem, "grandes e pequenas", irão moldar a trajetória das relações bilaterais. Desde o ano passado a tensão entre os dois países vem crescendo. Um dos principais pontos de atrito é a questão cambial. Os Estados Unidos acusam a China de manter sua moeda, o yuan, artificialmente desvalorizada, o que levaria a uma maior competitividade em suas exportações e também ao deficit americano na balança comercial entre os dois países. Pequim, no entanto, rejeita as acusações. Hu já disse em ocasiões anteriores que o yuan não está desvalorizado e que a China adota um regime de câmbio flutuante controlado. O líder chinês também já criticou a política monetária americana, ao afirmar que, ao manter a taxa de juros próxima de zero, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) estaria desvalorizando o dólar e gerando inflação em outros mercados. Na semana passada, o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse que os Estados Unidos vão conversar abertamente sobre suas preocupações a respeito da desvalorização do yuan frente ao dólar. Alguns senadores americanos vêm pressionando o Congresso a penalizar a China por "manipular" sua moeda. Divergências Outros pontos de divergência entre os dois países no ano passado incluem o fato de Obama ter recebido o líder espiritual tibetano Dalai Lama, em uma visita criticada pela China, e o anúncio de que os Estados Unidos pretendem vender armas a Taiwan, considerada uma província rebelde pelo governo chinês. Os Estados Unidos também criticaram publicamente a prisão do ativista político chinês Liu Xiaobo, vencedor do Prêmio Nobel da Paz. Há ainda grande preocupação nos Estados Unidos sobre o crescente poder militar da China. Antes da chegada de Hu, uma missão de comércio chinesa assinou acordos com empresas americanas no valor de US$ 600 milhões. O presidente chinês também deverá assinar uma série de acordos nas áreas de comércio, energia, proteção ambiental, infraestrutura e intercâmbio cultural. Agenda A chegada do presidente chinês à capital americana foi marcada por protestos de ativistas contra a política chinesa no Tibete. Na quarta-feira, Hu e Obama se reúnem no Salão Oval da Casa Branca e também devem participar de um encontro entre líderes empresariais chineses e americanos e de uma coletiva de imprensa. Hu será recebido por Biden para um almoço no Departamento de Estado e, na noite de quarta-feira, Obama vai oferecer um Jantar de Estado em sua homenagem. Na quinta-feira, o presidente chinês fará uma visita ao Congresso, onde se reunirá com líderes republicanos e democratas. Além da capital americana, o líder chinês também irá visitar Chicago. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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