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Presidente da Colômbia pede que países 'não façam nada' sobre conflito

Guerrilhas colombianas haviam pedido ajuda internacional para mediar paz.

Por Claudia Jardim
Atualização:

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, reagiu aos comunicados das duas principais guerrilhas colombianas enviados à CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), no qual pedem ajuda aos países para estabelecer um diálogo que abra caminho para um processo de paz. "Por enquanto a melhor maneira de ajudar é não fazer nada", disse o presidente. Santos, que discursou na sexta-feira, durante abertura da Cúpula, pediu direito de palavra adicional para enviar o recado a seus colegas. "As FARC são um assunto interno colombiano, e nós os colombianos vamos resolvê-lo", acrescentou. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) enviaram comunicados dirigidos aos presidentes da CELAC nos quais afirmam que um processo de paz na Colômbia será positivo para toda a região. O ELN solicitou "com urgência" um encontro "direto" e de "alto nível" com a CELAC para que "supervisionem um caminho certo para a paz na Colômbia e evitem que suas consequências continuem gerando tensões na região", diz o comunicado. As FARC, maior guerrilha colombiana, disseram, também por meio de um comunicado, que a paz na Colômbia deve ser assunto de interesse continental. Dilma Em resposta, Santos, disse que a luta armada é algo anacrônico e usou como exemplo a presidente Dilma Rousseff - que participou da luta armada nos anos 70. "Quantos revolucionários que optaram pela via democrática e hoje estão no poder? Como a Dilma (Rousseff) ou o presidente do Uruguai (José Mujica)", disse Santos. O presidente colombiano disse que em seu governo "há total disposição" para alcançar a paz, porém reiterou que somente se sentará em uma mesa de negociações com as guerrilhas quando os rebeldes mostrarem "vontade real" de chegar a um acordo definitivo. "Estamos mais que dispostos a encontrar essa solução pacífica", disse. Estas declarações, no entanto, destoam do tom utilizado por Santos há algumas semanas. Ao confirmar o assassinato do líder das FARC Alfonso Cano, morto em uma operação militar, Santos disse que a única saída para os grupos armados seria a rendição. "Ou então vocês vão acabar em uma prisão ou em um túmulo", afirmou Santos, ao reiterar a via armada como caminho para enfrentar o conflito. Além do recado às guerrilhas, Santos conseguiu emplacar um documento entre os 22 que foram referendados pelos presidentes da CELAC, no qual os países se comprometem a lutar contra o "terrorismo". Entre os documentos elaborados e debatidos na Cúpula CELAC, obtido pela BBC Brasil, os países se comprometem em combater com uso de prisão e processos judiciais "quem apóie ou facilite o financiamento, planificação, financiamento, preparação ou organização de atos de terrorismo" ou quem "dê refúgio (a terroristas) ou participe desses atos", diz o documento. As FARC são consideradas grupos terroristas pela Colômbia, Estados Unidos e parte da União Européia. Reféns Santos pediu ainda a seus colegas latino-americanos que condenem as práticas utilizadas pela guerrilha. "A melhor maneira de ajudar-nos, neste momento, é condenando certas táticas como o recrutamento de crianças (...) ou execuções a queima-roupa como fizeram contra quatro militares", afirmou. Há uma semana, quatro militares que eram mantidos como prisioneiros da guerrilha foram executados durante uma tentativa de resgate forçado do Exército. Um quinto refém conseguiu escapar e foi resgatado por soldados colombianos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.