Presidente da Geórgia antecipa eleições

Saakashvili cede e anuncia para 5 de janeiro a votação presidencial

PUBLICIDADE

Por Reuters , AP e Tbilisi
Atualização:

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, anunciou ontem a antecipação das eleições presidenciais do fim de 2008 para o dia 5 de janeiro. Ele fez uma rápida aparição na TV para anunciar a medida e para comprometer-se com a suspensão do estado de emergência que decretou na quarta-feira em razão dos protestos da oposição. "Vocês queriam eleições antecipadas? Vamos fazê-las ainda mais cedo", disse. O presidente anunciou para a mesma data um plebiscito para definir se as próximas eleições parlamentares devem ser antecipadas do segundo semestre para o primeiro semestre de 2008, como pede a oposição. Recentemente, o Parlamento aprovou uma emenda à Constituição adiando a escolha do Legislativo para o fim de 2008, para que coincidisse com a data prevista anteriormente para a eleição presidencial. A população da Geórgia viveu ontem seu primeiro dia de estado de exceção. As manifestações, que nos últimos dias se tornaram parte do cotidiano da capital, Tbilisi, foram proibidas. Os jornais estão censurados e as rádios, obrigadas a transmitir apenas música. Somente a TV estatal transmite informações, já que as demais foram proibidas de divulgar notícias. As ruas da capital amanheceram ocupadas pelo Exército. Após a repressão policial de quarta-feira, a população não saiu de casa, o que ajudou a acabar com os protestos que já duravam seis dias. Há exatamente quatro anos, Saakashvili liderou as manifestações que derrubaram o então presidente Eduard Shevardnadze, acusado de fraudar as eleições de novembro de 2003. Para muitos analistas, não deixa de ser irônico que Saakashvili, líder do movimento que ficou conhecido como "Revolução Rosa", enfrente neste momento a mais grave onda de protestos contra o governo. QUESTÃO RUSSA Para manter-se no cargo, Saakashvili faz de tudo. Depois de anunciar a expulsão de três diplomatas russos, acusados de manter contatos com a oposição, ele afirmou que o Kremlin está por trás do protesto que reuniu 50 mil pessoas nas ruas de Tbilisi na quarta-feira. Desde que assumiu o governo, Saakashvili afastou a Geórgia da influência de Moscou, abriu negociações para a entrada do país na Otan e fez acordos de cooperação com a União Européia, o que irritou o Kremlin. A Geórgia é um país estratégico. Localizada no Cáucaso, é uma importante rota para eventuais dutos que trariam gás da Ásia Central e diminuiriam a dependência européia do gás russo. A Rússia ainda tenta exercer sua influência por meio de sanções comerciais, cortes no fornecimento de gás e apoio às províncias separatistas georgianas de Abkházia e Ossétia do Sul.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.