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Presidente da Guatemala renuncia após denúncias de corrupção

Otto Pérez Molina é acusado de coordenar uma rede clandestina no órgão responsável pela arrecadação de impostos

Atualização:

CIDADE DA GUATEMALA - O presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, renunciou nesta quinta-feira, 3, segundo seu porta-voz, após envolvimento em um escândalo de corrupção que prejudicou seu governo e levou o país ao caos poucos dias antes de uma eleição nacional.

Milhares de manifestantes tomaram as ruas da capital e de outras cidades nas últimas semanas pedindo a saída de Pérez, um general aposentado de 64 anos, depois de ser acusado de envolvimento em extorsões.

Otto Perez Molina discursa durante coletiva de imprensa na Cidade de Guatemala Foto: AP Photo / Moises Castillo

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Sua carta de renúncia foi assinada no final da quarta-feira e enviada ao Congresso, que deve realizar hoje uma sessão emergencial para entregar o poder ao vice-presidente Alejandro Maldonado, seguindo a Constituição, disse o porta-voz presidencial Jorge Ortega.

O objetivo da renúncia, segundo Ortega, é "manter a institucionalidade e a ordem dentro do Estado", além de enfrentar "de maneira individual" o devido processo.

Pérez Molina é acusado de liderar uma rede de corrupção no órgão responsável pela arrecadação de impostos do país. O general perdeu sua imunidade e privilégios na terça-feira após a votação unânime de 132 deputados, depois que o Ministério Público e a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) o acusaram de corrupção no dia 21 de agosto.

De acordo com a investigação de mais de 18 meses de ambas entidades, Pérez Molina supostamente dirigia uma rede clandestina dentro da Superintendência de Administração Tributária (SAT), com a cumplicidade de pelo menos 28 pessoas, entre elas a ex-vice-presidente, Roxana Baldetti, presa desde 21 de agosto.

Pérez negou repetidamente qualquer ação irregular e disse que não iria renunciar. Ele não é constitucionalmente elegível para concorrer à reeleição nas eleições presidenciais de domingo.

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O presidente, que tomou posse do cargo em 14 de janeiro de 2012, havia reiterado desde que foi acusado que não renunciaria para garantir a realização das eleições gerais no final de semana.

Comemoração. Vários grupos de guatemaltecos começaram a comemorar nesta quinta-feira a renúncia de Pérez Molina. Os cidadãos se reuniram para festejar o que consideram "um fato histórico" nos arredores da Torre de Tribunais, na capital, onde se espera que o general se apresente à Justiça por sua própria vontade ou obrigado pelas forças de segurança.

"Acabou, acabou, este governo militar corrupto", "Ladrão" e "Vêm mais batalhas e vamos ganhá-las" foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes, que agitavam a bandeira nacional e ouviam as buzinas dos veículos que passavam em sinal de alegria. /REUTERS e EFE

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