Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega não é visto há 25 dias

O governo nicaraguense não tomou medidas de confinamento, mas especula-se que o próprio presidente esteja em quarentena

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Por Redação
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MANAGUA - A Nicarágua, uma das exceções no mundo na batalha contra o coronavírus, manteve suas escolas e lojas abertas e suas ruas cheias de pessoas. Mas há uma pessoa que não é vista em público desde o início do surto, no mês passado: o presidente.

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Daniel Ortega  chefe do governo socialista do país, está sumido de aparições públicas desde 12 de março, quando participou de uma reunião virtual. Ele não compareceu ao funeral de um amigo, às funções do governo e até aos comícios promovidos por seu governo.

Sua ausência levou a um meme de mídia social. “Seja como Ortega: fique em casa”, diz, contrastando com o que o líder nicaraguense está recomendando à população, para manter a vida normalmente. Acredita-se que Ortega, 74 anos, sofra de doenças crônicas. Ele é conhecido por passar longos períodos sumido, sem prestar nenhuma explicação ao governo.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega Foto: REUTERS/Oswaldo Rivas

Mas o momento e o fato de nem ele nem nenhum membro de sua família comparecerem ao funeral no fim de semana de Jacinto Suárez, um aliado de Ortega nos dias de guerrilha, levou à especulações generalizadas de que ele está em quarentena. Outros acham que o presidente poderia estar tramando outra coisa. Juan Sebastián Chamorro, diretor executivo da Aliança Cívica, um grupo de oposição, sugeriu que a ausência prolongada foi uma ação deliberada para manipular o público.

"Acho que ele está em preparação para o seu glorioso reaparecimento", disse Chamorro. “Ele fez o mesmo no passado. Ele ressuscitará na Páscoa.” O governo não respondeu aos pedidos de comentário. Em seu briefing diário no sábado, a esposa de Ortega, a vice-presidente Rosario Murillo, disse que o presidente está “aqui, trabalhando, dirigindo e coordenando todos os esforços”.

O governo alega que o país tem apenas quatro casos confirmados de covid-19, e apenas uma morte. Mas seu governo tem sido amplamente criticado por sua abordagem descuidada à crise da saúde pública. As escolas públicas permaneceram abertas, embora nesta semana e na próxima estejam fechadas para a Semana Santa. As fronteiras também estão abertas.

Em vez de cancelar grandes eventos, o governo os organizou e promoveu. O site oficial de notícias do governo está repleto de menções à feiras, marchas, procissões religiosas e até a um festival de culinária a ser realizado no sábado. As escolas particulares não receberam a autorização do governo para fechar, mesmo com 98% das crianças em casa, disse um educador ao The New York Times, que falou sob condição de anonimato. Eventualmente, as escolas foram autorizadas a realizar ensino à distância, com os pais chegando à escola para buscar materiais acadêmicos, disse ele.

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