15 de junho de 2017 | 16h24
BELGRADO - O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, nomeou nesta quinta-feira, 15, para o cargo de primeiro-ministro Ana Brnabic, a primeira mulher na história do país a ocupar o posto, e assumidamente homossexual.
Ana, de 41 anos, era ministra da Administração Pública. "Decidi indicar ao Parlamento da Sérvia Ana Brnabic como primeira-ministra designada", disse Vucic aos jornalistas. "Ela possui as qualidades pessoais e profissionais para exercer esta função", assinalou.
Quando era premiê, Vucic convidou Ana a assumir funções políticas em agosto. A chegada dela ao governo foi criticada por muitos, tanto no círculo de Vucic quanto em seu partido.
O primeiro-ministro, que a havia colocado à frente da Administração, respondeu àqueles que não simpatizavam com a ideia de uma ministra homossexual. "Suas escolhas pessoais não me interessam, apenas os resultados", disse ele, destacando "a carreira profissional impecável" de Ana.
A possibilidade de nomeá-la premiê também provocou comentários. Um dos parceiros menores da coalizão no poder, Dragan Markovic, que se opôs à nomeação de Ana para o gabinete em 2016, manifestou recentemente desejar um chefe de governo "pai de família e que tenha filhos".
"Trata-se de uma declaração imprópria e irresponsável, sem dúvida discriminatória", declarou Ana.
Vucic ocupava o cargo de primeiro-ministro desde 2014, até poucas semanas atrás, quando se tornou presidente da Sérvia. A função é amplamente protocolar, mas analistas estimam que ele vá consolidar seu poder. Seus detratores não deixaram de acusá-lo de autoritarismo, como quando era chefe de governo.
"Vucic quer mostrar a Sérvia como país liberal, onde as liberdades se encontram em um nível alto", disse o analista político Boban Stojanovic, ao comentar a nomeação de Ana. O presidente também quer mostrar "a todos os seus adversários políticos na Sérvia que é a personalidade mais poderosa do país", acrescentou.
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A Sérvia de Vucic tenta melhorar sua imagem e se mostrar como um país tolerante, principalmente após as críticas que recebeu envolvendo a proteção dos direitos das minorias, incluindo a LGBT.
Nascida em Belgrado e diplomada pela Universidade de Hull, Ana atuava na direção de uma associação de capital misto estabelecida em 2006 antes de desembarcar no governo sérvio.
A Sérvia é um país conservador, no qual as paradas do Orgulho Gay são realizadas anualmente sob proteção policial. Apesar de, há alguns anos, elas ocorrerem com tranquilidade, em 2010 a violência de extremistas hostis à realização do evento deixou mais de 150 feridos, em sua maior parte policiais. / AFP
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