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Presidente da Tunísia renuncia em meio a protestos

No cargo desde 1987, Ben Ali enfrentava manifestações contra desemprego e inflação; primeiro-ministro assume o poder.

Por BBC Brasil
Atualização:

Antes da renúcia, Ben Ali dissolveu o Parlamento e convocou eleições O presidente da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali, renunciou nesta sexta-feira após um mês de protestos contra o desemprego, a inflação e a corrupção no governo. O anúncio foi feito na TV estatal tunisiana pelo primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi, que disse estar assumindo "temporariamente" o poder no país. O primeiro-ministro afirmou que Ben Ali estava temporariamente incapaz de exercer seu cargo. Duas emissoras de TV árabes relataram que o presidente deixou o país no norte da África, mas a informação não foi confirmada. A renúncia ocorreu após o governo decretar estado de emergência e um toque de recolher enquanto milhares de manifestantes protestavam na capital Túnis, nesta sexta-feira. O decreto proibia reuniões de mais de três pessoas em lugares públicos, e as forças de segurança foram autorizadas a abrir fogo contra quem não obedecesse suas ordens. Soldados cercaram o principal aeroporto do país, em Túnis, e o espaço aéreo tunisiano foi fechado. Antes, Ben Ali, havia dissolvido o governo e convocado eleições legislativas antecipadas, em meio a um protesto que reuniu milhares de pessoas no centro da capital. A polícia dissipou com gás com lacrimogêneo a multidão, que exigia a renúncia imediata do presidente. Na quinta-feira à noite, Ben Ali, presidente da Tunísia desde 1987, anunciou que deixaria o poder em 2014. Confrontos Médicos dizem que 13 pessoas foram mortas em confrontos na quinta à noite em Túnis, e há relatos não confirmados de que cinco pessoas morreram em protestos na sexta-feira nos arredores da capital. Grupos de direitos humanos afirmam que mais de 60 pessoas morreram nas últimas semanas, à medida que a turbulência crescia no país. A onda de manifestações começou em dezembro após um jovem atear fogo a si mesmo após ter sido impedido pela polícia de vender vegetais por não ter uma licença. Os protestos inicialmente eram contra o desemprego e o alto preço dos alimentos, mas depois passaram a representar a insatisfação da população com o presidente e com a elite. A França, antiga metrópole da Tunísia, criticou o "uso desproporcional de violência" e pediu calma para ambos os lados. Ben Ali é o segundo presidente do país desde que este conquistou a independência, em 1956. Ele chegou ao poder em 1987 e foi reeleito para outro mandato de cinco anos em 2009 com quase 90% dos votos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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