Presidente de Uganda pede fim da violência contra os homossexuais

Declaração ocorre em meio a possível aprovação de lei que criminaliza prática.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, pediu nesta segunda-feira o fim da violência contra os homossexuais em meio à eventual aprovação de uma controversa lei anti-gay no país. Em seu primeiro pronunciamento público sobre a lei, Museveni disse que homossexuais não devem ser mortos ou perseguidos, mas afirmou que a homossexualidade não deveria ser "promovida". A primeira versão da lei estipulava a pena de morte aos gays, mas o artigo acabou sendo retirado. A homossexualidade é considerada ilegal em Uganda. A repórter da BBC Catherine Byaruhanga disse que o governo sempre quis deixar claro que a lei foi introduzida por um parlamentar e que não fazia parte da "política oficial" do país. Segundo ela, Museveni não condenou nem apoiou abertamente a iniciativa. Ministros alertaram os parlamentares que a aprovação da lei teria implicações nas relações exteriores do país. O projeto foi amplamente criticado por países ocidentais, que sugeriram cortar a ajuda financeira a Uganda caso a iniciativa fosse adiante. A porta-voz do Parlamento ugandense, Rebecaca Kadaga, disse que a lei seria aprovada como um "presente de Natal" para os seus defensores. Entretanto, o Parlamento está de recesso até janeiro e não deve votá-la por enquanto. Aprovação Se os congressistas do país aprovarem a lei, Museveni terá de sancioná-la antes de torná-la efetiva. Alguns opositores disseram que a homossexualidade foi introduzida no país por "colonizadores europeus". Entretanto, Musevani afirmou saber que reis e chefes tribais mantinham relacionamentos com pessoas do mesmo sexo, ainda que secretamente. O presidente de Uganda acrescentou que havia mencionado ao embaixador americano no país que todas as manifestações sexuais não são feitas publicamente na África, contrariamente às sociedades ocidentais. "Eu disse [ao representante americano] que eu sou casado há 39 anos, mas eu nunca a beijei em público ou na minha casa diante de meus filhos", disse Musevani durante uma cerimônia religiosa, segundo o jornal local New Vision. "Se eu fizesse isso, eu perderia as eleições e, vocês sabem, eu não aceitaria a ideia de perder as eleições", acrescentou. A Uganda é considerada um país extremamente conservador. Para muitos de seus habitantes, a homossexualidade contraria crenças culturais e religiosas. Ativistas de direitos gays na Uganda afirmam que vivem com medo. Em 2011, o ativista David Kato foi agredido até a morte, mas a polícia nega que o crime tenha tido relação com sua orientação sexual. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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