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Presidente diz que Irã não se privará de tecnologia nuclear

Embora não tenha citado o acordo firmado entre as potências mundiais para pressionar o país, Ahmadinejad manteve sua postura desafiadora em discurso desta sexta-feira

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad jurou nesta sexta-feira, em tom de desafio, que o ocidente não irá privar seu país de desenvolver tecnologia nuclear. A afirmação vem à público um dia depois de definido um novo pacote de incentivos para que o Irã desista de seu programa de enriquecimento de urânio. Ahmadinejad não mencionou diretamente o acordo fechado na quinta-feira pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha, que pediu que o Irã suspenda suas atividades com o urânio e retorne à mesa de negociações. Porém, ele insistiu no direito de seu país possuir a tecnologia nuclear. "Os esforços de alguns países ocidentais em nos impedir não darão nenhum fruto", disse o presidente, segundo afirmou a agência de notícias IRNA. "As razões de suas oposições não estão relacionadas à preocupação sobre armas nucleares, mas ao acesso do Irã a uma tecnologia avançada", afirmou. Ahmadinejad citou também a cooperação do país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - órgão responsável por fiscalizar as atividades nucleares em todo o planeta - e culpou indiretamente Israel pelas pressões para que Teerã abandone suas ambições nucleares. "Infelizmente, alguns (países) que possuem um grande arsenal de armas nucleares, e não são membros do Tratado de Não-proliferação Nuclear, querem usar sua posição de tomadores de decisão para nos privar de nossos direitos inalienáveis", disse o líder iraniano. Pressão sem precedentes A frente formada pelos Estados Unidos, Europa, Rússia e China, alcançada com o acordo desta quinta-feira, impõe uma pressão sem precedentes sobre Teerã. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse nesta sexta-feira que Teerã deve responder rapidamente à proposta. Ela fez questão de deixar claro que caso isso não ocorra, o Irã irá enfrentar sanções impostas pelas Nações Unidas. Os detalhes da oferta ainda não foram revelados, mas um funcionário do alto escalão do Departamento de Estado americano informou que o pacote será apresentado à Teerã nos próximos dias. Na mira dos EUA Teerã está sob a mira das potências ocidentais desde o início do ano, quando o país anunciou que reiniciaria suas pesquisas para o enriquecimento do urânio. Suspensas desde 2003, essas atividades provocaram grande desconfiança na comunidade internacional quando veio a público que Teerã manteve instalações nucleares secretas por mais de 18 anos. Diante das evidências, a AIEA pressionou o Irã a congelar as atividades de enriquecimento de urânio, justamente porque esse processo pode conduzir tanto à produção de energia elétrica - que o país alega ser seu objetivo -, como ao combustível usado em bombas. No início do ano, no entanto, Teerã cancelou esse congelamento, e anunciou que retomaria as pesquisas. As desconfianças geradas em torno do anúncio geraram uma espiral de enfrentamentos que levaram a questão ao Conselho de Segurança. O órgão, formado por EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia e China estuda como tratar a questão, e um pacote de incentivos e punições foi a solução encontrada para que o país desista do programa.

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