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Presidente diz que ninguém pode impedir o Irã de ter programa nuclear

Ahmadinejad acusou o governo dos EUA e a Inglaterra de impor "um sistema injusto no mundo, onde a dignidade e o respeito pelos outros não existe"

Por Agencia Estado
Atualização:

Faltando apenas dois dias para o término do prazo imposto pelo Conselho de Segurança para que Teerã cancele suas atividades de enriquecimento de urânio, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a desafiar a comunidade internacional. Em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira, ele disse que não irá interromper o programa nuclear iraniano mesmo se o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, faça o pedido pessoalmente durante uma eventual visita ao país nos próximos dias. Ahmadinejad disse que ninguém pode impedir que o Irã desenvolva um programa nuclear com fins pacíficos. Ele ainda considerou a resposta iraniana ao pacote de incentivos oferecidos por potências internacionais para que Teerã interrompa seu programa nuclear como uma "oportunidade muito excepcional para uma resolução justa de todas as questões". O presidente iraniano também aproveitou a entrevista para propor um debate televisionado com o presidente dos EUA, George W. Bush, sobre questões mundiais. A coletiva foi realizada para o presidente se pronunciar a respeito do prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU para que o país interrompa o enriquecimento de urânio - processo que pode resultar tanto em combustível para a produção de energia como material para a construção de armamentos. Caso não cancele essas atividades até o dia 31 deste mês, o país poderá enfrentar sanções econômicas e diplomáticas impostas pelo conselho. O Irã se recusa a cumprir uma suspensão imediata, pois considera o prazo ilegal. "O uso de energia nuclear para fins pacíficos é um direito do Irã. Nossa nação já escolheu seu caminho. Ninguém pode mudá-lo", disse o presidente durante a entrevista. Diante da negativa iraniana, o governo dos Estados Unidos voltou a afirmar na segunda-feira que irá defender a aplicação de sanções contra o país. Mas a Rússia, país com poder de veto no Conselho de Segurança, pediu paciência publicamente com o Irã. Debate com Bush Ahmadinejad afirmou não desconsiderar negociações diretas com os EUA e ainda sugeriu um debate entre os presidentes dos dois países. "Sugiro que se realize um debate televisionado com o presidente dos EUA sobre a criação de um novo sistema internacional. Esse debate deve acontecer sem nenhuma censura", afirmou. O presidente acusou o governo dos EUA e da Inglaterra de impor "um sistema injusto no mundo, onde a dignidade e o respeito pelos outros não existe". "Os EUA e a Grã Bretanha são fontes de muitas tensões. No Conselho de Segurança, onde devem garantir a segurança, desfrutam do direito ao veto. Se alguém os confronta, não há para onde levar as queixas", disse o presidente durante a coletiva de imprensa. "Esse direito ao veto é uma fonte de problemas ao mundo. É um insulto à dignidade, independência, liberdade e soberania das nações." O presidente iraniano afirmou que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com poder de veto, são uma conseqüência da Segunda Guerra Mundial. Ahmadinejad disse ainda que a criação de Israel é uma "lenda", e que considera o Estado judeu uma ameaça à paz e à estabilidade no Oriente Médio. "O regime sionista privou a nação palestina e outras nações de um dia de paz. Nos últimos 60 anos, impôs dezenas de guerras à nação palestina e outras."

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