Presidente do Egito recua e promotor da era Mubarak fica no cargo

Permanência de procurador-geral gerou novos protestos no Cairo na sexta-feira.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O presidente do Egito, Mohammed Mursi, recuou em sua decisão de quinta-feira e decidiu permitir que o procurador-geral do país, Abdel-Maguid Mahmoud, permaneça no cargo. Porta-vozes do presidente e do procurador-geral confirmaram o acordo fimado em uma reunião ocorrida neste sábado no Cairo. Antes da reunião, Mahmoud chegou ao trabalho escoltado por juízes e advogados. Mursi tentou demitir o procurador-geral depois da absolvição de mais de 40 autoridades do antigo governo do país, leais ao ex-presidente Hosni Mubarak. Estas autoridades foram acusadas de organizar um ataque contra os manifestantes durante a rebelião de 2011, que resultou na queda de Mubarak. A absolvição destas autoridades levou à convocação de novos protestos na praça Tahrir, Cairo, na sexta-feira, nos quais 110 pessoas ficaram feridas. Foi o pior protesto desde que Mursi assumiu a presidência no final de junho. Segundo o correspondente da BBC no Cairo John Leyne, a decisão deste sábado significa uma grande derrota para o presidente do Egito, que até agora estava conseguindo consolidar o poder no país. No governo de Mubarak eram frequentes as críticas em relação a juízes e promotores, considerados sujeitos a pressões do governo. Mas, de acordo com Leyne, agora eles lutam para garantir a independência em relação ao novo governo. Demonstração O correspondente da BBC afirma que a volta oficial de Mahmoud ao cargo neste sábado foi uma demonstração simbólica de independência, depois que o presidente Mohammed Mursi tentou retirá-lo do cargo ao indicá-lo para ser embaixador do Egito no Vaticano. "Eu ocupo este cargo e vou me defender, vou defender minha opinião e defenderei a independência do procurador-geral e a independência dos juízes e não vou deixar este cargo a não ser que eu seja assassinado", disse Mahmoud a jornalistas neste sábado. Depois que Mursi tentou tirar o procurador-geral, vários juízes também teriam ameaçado renunciar a seus cargos. Além do procurador-geral, participaram da reunião deste sábado um dos vice-presidentes do Egito. Depois da reunião, o vice-procurador-geral, Adel Said, afirmou que Mahmoud e o presidente Mursi tinham se encontrado e concordado que o procurador-geral não deixará o cargo. Segundo uma declaração de Said à televisão estatal do Egito, houve um "mal-entendido" devido à nomeação de Mahmoud para o cargo de embaixador no Vaticano. O vice-presidente egípcio, Mahmoud Mekki, confirmou a jornalistas que Mursi tinha concordado em manter Mahmoud no cargo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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