TEERÃ - Com a possibilidade de um acordo definitivo sobre o programa nuclear iraniano ser deninido nesta segunda-feira, 13, o presidente do país Hasan Rohani fará um pronunciamento à nação às 17h30 (14h30 em Brasília), informou o ministério da cultura de Teerã.
O discurso de Rohani ocorrerá poucas horas antes de vencer o prazo final para que o acordo definitivo entre a República Islâmica e as potências do P5+1 (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia mais a Alemanha) seja definido. No entanto, de acordo com uma fonte ligada às negociações ouvida pela France-Presse, alguns temas "importantes" e complicados continuam sem solução.
As conversas entre o Irã e o P5+1 já foram estendidas três vezes depois de o prazo original - 30 de junho - expirar. Nesta segunda-feira, as delegações que negociam em Viena têm até a meia-noite (19h em Brasília) para acertar os últimos pontos do acordo.
Na noite de domingo, Rohani afirmou que a conclusão de um acordo com as grandes potências estava "muito próximo" depois de uma semana de intensas negociações. "Percorremos um longo caminho. Devemos chegar a ao auge e estamos muito perto", disse o presidente, demonstrando satisfação por ter mantido "as promessas eleitorais de resolver a questão nuclear". Antes de ser eleito, em junho de 2013, Rohani prometeu concluir as negociações com o P5+1.
Incertezas. De acordo com diplomatas envolvidos nas negociações ouvidos pela Associated Press, a expectativa de todos é anunciar o acordo antes do fim do dia, mas não é possível garantir que isso vá ocorrer em razão das diferenças que ainda não foram solucionadas. Alguns desses negociadores foram mais pessimistas e disseram que as conversas poderiam ser estendidas até terça-feira, apesar de haver pouco ânimo para uma nova prorrogação das negociações.
Segundo o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohamed Javad Zarif, é possível que as tratativas não sejam concluídas nesta noite e tenham que continuar, apesar de desejar que "não sejam mais prorrogadas". Em declarações à agência iraniana Fars, Zarif disse que apesar de "não haver uma extensão" prevista nos prazos para as conversas e de a equipe iraniana acreditar que as negociações "não devem se estender", o trabalho para chegar a um acordo "pode continuar o tanto que for necessário".
Já o vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi, disse que as negociações estão nos "momentos finais de tirar o fôlego, mas certas questões ainda permanecem sem solução". Aragchi disse que não podia garantir que um acordo seria alcançado nesta segunda ou na terça-feira.
Em Bruxelas, o presidente da França, François Hollande, disse que os dois lados estão perto de um acordo, mas uma "lacuna" persiste. Os chanceleres de Rússia e China tinham deixado as negociações na semana passada, mas retornaram para Viena no domingo. "Os ministros de Relações Exteriores estão reunidos para chegar a uma conclusão as negociações", disse o chanceler chinês, Wang Yi. "Acreditamos que não pode haver uma nova prorrogação."
A negociação. Caso seja concluída, a negociação sobre o programa nuclear do Irã deve impor limites de longo prazo a forma como a República Islâmica enriquece e utiliza urânio e plutônio atualmente, de forma a impedir que o país possa desenvolver armas nucleares a curto prazo.
Em troca, o Irã teria acesso a bilhões de dólares que hoje não chegam ao país em razão de sanções impostas pelos Estados Unidos e pela Europa, além de poder reaver uma parte de suas reservas que está congelada em bancos internacionais.
Segundo fontes próximas dos negociadores, um dos pontos que está travando o acordo desde a semana passada é a demanda do Irã de que um embargo das Nações Unidas sobre a compra de armas pelo país seja derrubado, além do pedido de que qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovando o acordo seja escrita de forma que para de descrever as atividades nucleares no país como ilegais.
Também estaria em negociação o prazo pelo qual o país teria que respeitar restrições para importar tecnologia nuclear. Um diplomata que pediu para não ser identificado disse que as restrições devem durar anos e não meses. / AFP, AP e EFE