Presidente do Irã nega armar militantes iraquianos

Para Ahmadinejad, EUA tentam esconder sua derrota no Iraque acusando os outros

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Por Agencia Estado
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O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, negou nesta segunda-feira, 12, que seu país esteja fornecendo armas sofisticadas para militantes iraquianos e afirmou que a paz só vai voltar ao Iraque quando as forças norte-americanas e de outras nações estrangeiras deixarem o Iraque. "O governo dos EUA e (o presidente George W.) Bush estão acostumados a acusar os outros", disse Ahmadinejad numa entrevista à rede de TV norte-americana ABC. Forças lideradas pelos EUA em Bagdá fizeram uma demonstração, no domingo, do que alegam ser "evidências cada vez maiores" do uso de armas iranianas para matar seus soldados. Os oficiais mostraram aos jornalistas fragmentos do que afirmaram ser armas fabricadas no Irã e disseram que o "alto escalão" do governo iraniano está envolvido no fornecimento de armamentos aos militantes iraquianos. Ahmadinejad afirmou que o fato de as forças dos EUA estarem mostrando "uns pedaços de papel" e chamando-os de documentos não prova nada. "Devia haver um tribunal para investigar o caso", disse Ahmadinejad. A Casa Branca manteve a afirmação de que alguns explosivos usados no Iraque têm origem iraniana e disse que se o Irã quiser a paz, tem de "assegurar que não haja carregamentos de armas nem de apoio àqueles que estão tentando matar americanos ou desestabilizar a democracia no Iraque." O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, evitou no entanto usar termos duros. "Achamos que se o presidente do Irã quiser pôr um fim nisso, desejamos boa sorte e esperamos que ele aja rápido." Uma autoridade da Defesa norte-americana disse que 170 soldados da coalizão foram mortos por bombas de fabricação iraniana colocadas em estradas. Derrota no Iraque Para o líder iraniano, os EUA estão tentando esconder sua "derrota" no Iraque acusando os outros. "Somos contra qualquer tipo de conflito e também contra a presença de forças estrangeiras no Iraque, e é por isso que somos contra a presença de norte-americanos", disse Ahmadinejad. "Dizemos a eles: ´Vão embora´, e não deve haver nenhum estrangeiro no Iraque. Aí vocês vão ver como haverá paz", acrescentou o presidente do Irã. Blair O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, reiterou as afirmações americanas de que as lideranças do Irã estão fornecendo armas para os insurgentes que lutam contra as forças de coalizão no Iraque. Blair já havia expressado preocupação em outubro de 2005 sobre a tecnologia de minas terrestres e outras armas que entram no Iraque pelo Irã, disse um porta-voz do primeiro ministro, que não quis ser identificado. "Continuamos denunciando o caso, porque continuamos encontrando armamento que não acreditamos que possa vir de nenhum outro lugar", acrescentou a fonte. O porta-voz disse que se o governo iraniano quisesse poderia abordar "estas preocupações", mas não se observa "nenhum sinal de que esteja fazendo isso". As autoridades americanas mostraram no domingo, em Bagdá restos de armamento e documentos de identidade que, segundo disseram, provam a relação do Irã com a morte de pelo menos 170 soldados da força multinacional no Iraque. O porta-voz das tropas americanas no país árabe, William Caldwell, acusou o Irã de estar por trás da fabricação e do contrabando de bombas que causaram mais de 120 feridos nos últimos meses.

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