BAGDÁ - O presidente do Iraque, Barham Saleh, afirmou nesta segunda-feira, 4, que "não permitirá" que os Estados Unidos usem suas tropas desdobradas no país para vigiar o Irã, como sugeriu o presidente americano, Donald Trump.
Saleh disse durante um discurso em um fórum realizado em Bagdá que Trump "não pediu permissão" ao Iraque para vigiar o Irã a partir do território iraquiano.
"A presença das tropas americanas se insere em um contexto legal e em virtude de um acordo entre os dois países. Qualquer ato fora do acordo é inaceitável", disse Saleh no Fórum RCD, no qual participaram personalidades iraquianas.
O presidente ressaltou que a presença das tropas americanas se concentra na ofensiva contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e essas forças "não têm direito" de exercer outras funções, entre elas vigiar o Irã, e o Iraque "não o permitirá".
Saleh afirmou que vai pedir um esclarecimento a Washington sobre o número de soldados lotados no país e quais são suas missões.
Trump disse no domingo em entrevista à emissora de televisão CBS que quer manter soldados americanos no Iraque para poder "observar" o Irã, país que considera o "verdadeiro problema" no Oriente Médio.
"Quero ser capaz de observar o Irã. Tudo o que quero é olhar. Temos uma base militar incrível e cara construída no Iraque. Está perfeitamente situada para observar diferentes partes do problemático Oriente Médio, ao invés de retirá-la", comentou Trump.
Atualmente, os EUA mantêm mais de 5 mil solados no Iraque, que se encontram em dez bases militares. Trump indicou que, assim que terminar a ofensiva contra o EI na Síria, planeja enviar parte dos soldados desdobrados nesse país ao Iraque.
A campanha militar contra os jihadistas terminou no Iraque em dezembro de 2017 e na Síria as tropas curdas e da coalizão internacional encurralaram o EI em localidades próximas ao Rio Eufrates, perto da fronteira iraquiana.
O Iraque é um aliado próximo dos EUA, mas também tem boas relações com o Irã, país que financiou as milícias xiitas que participaram da ofensiva contra o EI. / EFE