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Partido opositor pede renúncia de presidente do Panamá por acusações de corrupção

Juan Carlos Varela, acusado de receber 'doações' da Odebrecht, negou as acusações e anunciou que irá revelar uma lista completa de doadores privados durante campanha eleitoral de 2014

Atualização:

CIDADE DO PANAMÁ - O partido opositor Mudança Democrática, do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli (2009-2014), pediu na quinta-feira a renúncia do atual mandatário, Juan Carlos Varela, depois que este foi acusado de ter recebido "doações" da Odebrecht. "Exigimos a renúncia de Varela por estas declarações de (Ramón) Fonseca Mora", afirmou a legenda política em sua conta no Twitter.

Fonseca Mora, ex-ministro conselheiro de Varela e sócio do escritório Mossack Fonseca, epicentro dos chamado Panama Papers, acusou o presidente de ter recebido "doações" da construtora brasileira.

O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela,em maio de 2016 Foto: Mandel Ngan/AFP Photo

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"Que caia um raio em mim se for mentira. O presidente Varela me disse que ele havia aceitado doações da Odebrecht porque não se podia brigar com todo mundo", afirmou ele antes de entrar no prédio da Procuradoria panamenha, onde compareceu de maneira voluntária depois que seus escritórios foram revistados por seu suposto envolvimento nos casos investigados pela operação Lava Jato no Brasil.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a Odebrecht desembolsou US$ 788 milhões em subornos em 12 países de América Latina e África, dos quais US$ 59 milhões foram pagos no Panamá entre 2009 e 2014, durante o governo de Martinelli.

O Ministério Público indiciou por lavagem de capitais em janeiro 17 pessoas acusadas de receber subornos, entre as quais se encontram dois filhos e um irmão do ex-presidente.

Resposta. Varela refutou as acusações e anunciou que vai revelar nesta sexta-feira a lista completa de doações privadas durante a campanha eleitoral de 2014. "Nesta lista não existem doações da empresa Odebrecht", afirmou o presidente. "As doações recebidas na minha campanha são contribuições políticas. Não são subornos. Nem um dólar destas contribuições foram para benefício meu nem de minha família."

O fundador do escritório Mossack Fonseca foi ministro conselheiro do governo de Varela e dirigente do governista Partido Panameñista, de direita. Ele se viu obrigado a pedir demissão em 2016 diante do escândalo do Panama Papers, investigação que revelou que sua firma de advocacia comandava um grande esquema de evasão de impostos em escala mundial.

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A Procuradoria panamenha apreendeu na quinta-feira documentos nos escritórios da Mossack Fonseca no Panamá. Os sócios da empresa são acusados de lavagem de dinheiro. Segundo a procuradora-chefe, Kenia Porcell, a empresa de advogados é "uma organização criminosa que se dedica a ocultar ativos e dinheiro de origem suspeita". "Além disso, esta operação serve para eliminar evidências dos implicados na atividade ilícita relacionada com o caso da Lava Jato", afirmou ela. / AFP e EFE

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