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Presidente do Parlamento defende que Turquia adote Constituição islamita

Ismail Kahraman afirmou que apenas o seu país, a Irlanda e a França definem o laicismo na Carta Magna; opositores criticam argumentação do político

Atualização:

ANCARA - O presidente do Parlamento da Turquia, Ismail Kahraman, membro do governante e islamita Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), defende uma nova Constituição religiosa (islâmica) no país, sem nenhuma definição de laicismo.

A imprensa turca informa nesta terça-feira, 26, sobre as declarações feitas por Kahraman em uma conferência em Istambul na segunda-feira, que geraram protestos da oposição. O AKP e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fazem campanha para adotar uma nova Constituição que transforme o atual sistema parlamentar em presidencial.

Polícia antidisturbio da Turquia tenta conter manifestantes do lado de fora do Parlamento após presidente da Casa pedir fim da Constituição laixa do país Foto: REUTERS

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Na conferência intitulada "Nova Turquia e Nova Constituição", Kahraman disse querer que a Carta Magna de 1982 comece com a frase "em nome de Deus", e considerou que o documento, assim como o de 1961, são de fato constituições religiosas.

"Há uma direção de Assuntos Religiosos. Os feriados religiosos são feriados oficiais. As aulas de religião são obrigatórias. A Constituição tem uma estrutura baseada na fé. Isso significa que se trata de uma Constituição religiosa, não laica", afirmou.

"Na nova Constituição não deveria haver uma definição do laicismo. Só França, Irlanda e Turquia têm constituições que definem o laicismo. Nossa Constituição não deveria fugir da religião. Somos um país muçulmano", insistiu Kahraman.

Kemal Kilicdaroglu, líder da principal formação opositora, o laico Partido Republicano do Povo (CHP), criticou Kahraman por lutar contra o laicismo em um momento no qual caem morteiros (da Síria) sobre a cidade de Kilis.

"Este é um golpe muito forte do presidente do Parlamento à fundação dos princípios da República", disse Levent Gok, vice-presidente do grupo parlamentares do CHP. / EFE

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